Roger Machado e o Desafio da Ponta Direita no Inter: Análise Tática e Escolhas Cruciais para Libertadores e Brasileirão

Às vésperas de um embate determinante pela Conmebol Libertadores contra o Bahia, o estrategista Roger Machado, à frente do Internacional, demonstra a intenção de poupar peças fundamentais de seu elenco no próximo compromisso pelo Campeonato Brasileiro. O duelo contra o Sport, agendado para este domingo na Ilha do Retiro, pela décima rodada, transcende a mera disputa por pontos; ele se configura como um derradeiro laboratório para o comandante colorado, uma oportunidade para discernir o ocupante definitivo de uma lacuna tática persistente: a ponta direita.

A Persistente Questão da Ponta Direita no Internacional

Não se trata de uma novidade para os observadores atentos do futebol gaúcho que a referida posição permanece em aberto, submetida a um ciclo incessante de rotação, sem que qualquer atleta tenha conseguido estabelecer-se de maneira inquestionável. Sob a batuta de Roger Machado, uma plêiade de nomes já transitou por aquela faixa do campo, cada qual aportando suas idiossincrasias táticas e técnicas: Wesley, Wanderson, Gabriel Carvalho, Bruno Tabata, Vitinho, Gustavo Prado e, em certas ocasiões, até mesmo Bruno Henrique foram testados na função.

Entre os diversos nomes que já ocuparam a vaga, Wesley se destaca como o que demonstrou maior adaptação, embora sua utilização no setor esteja intrinsecamente ligada à disponibilidade de Carbonero. O atleta colombiano, por sua vez, encontra-se em estágio avançado de reabilitação de uma contusão muscular na coxa esquerda. Embora tenha realizado atividades de corrida no gramado do Centro de Treinamento no último sábado, seu retorno efetivo aos gramados carece de uma data definida.

Foto: (Ricardo Duarte/SC Innternacional)

Perfis de Atletas e a Complexidade Tática da Função

Curiosamente, a maioria dos atuais concorrentes à função de ponta exibe uma predileção natural por atuar pelo flanco esquerdo ou em posições mais centralizadas, integrando a linha de meias. Quando recebem a bola, a tendência é que puxem para dentro, buscando o arremate ao gol. A ponta direita, contudo, exige uma disciplina tática diferente, impulsionando o jogador a progredir até a linha de fundo para o cruzamento, uma característica que apenas Bruno Tabata , o único canhoto entre os citados, parece possuir de forma mais inata.

A análise do próprio Roger Machado, proferida após o triunfo sobre o Maracanã pela Copa do Brasil, corrobora essa dificuldade intrínseca:

?Hoje é muito difícil ter jogadores destros que gostem de jogar no pé do lado. Nossos jogadores de beirada, todos eles ou grande parte deles, são jogadores de pé invertido. Uns são meias-pontas, outros são atacantes de velocidade. A ponta direita foi ocupada por jogadores diferentes, Tabata no começo, Gabriel, Vitinho esse ano. Tem uma posição ali que ninguém agarrou com 100%.?

A declaração do treinador sublinha a complexidade de encontrar um perfil que se adapte perfeitamente às exigências da função, evidenciando uma carência no elenco que se manifesta em um setor crucial para a fluidez ofensiva.

O Teste Final: Implicações para o Brasileirão e a Libertadores

O embate contra o Sport, um adversário que atravessa um período de resultados desfavoráveis, ocupando a lanterna do Campeonato Brasileiro e acumulando nove partidas sem uma vitória, oferece a Roger Machado a prerrogativa de optar por uma formação mais ofensiva na Ilha do Retiro. Contudo, essa flexibilidade tática não anula a possibilidade de o treinador revisitar um esquema com três volantes na crucial partida contra o Bahia, com Bruno Henrique deslocado para a ponta direita. A lógica para tal escolha é pragmática: um simples empate seria suficiente para assegurar a classificação do Colorado às oitavas de final da Libertadores.

Não obstante as escolhas táticas e o foco na Libertadores, o compromisso frente ao Sport carrega sua própria relevância no panorama do Brasileirão. O clube gaúcho iniciou a rodada na décima quinta posição, com dez pontos, apenas um à frente do Grêmio, que ocupa a décima sétima colocação e a primeira vaga na zona de rebaixamento. A partida, que promete ser um teste de fogo, terá seu pontapé inicial às 16h, no emblemático estádio da Ilha do Retiro.

Roger Machado, técnico do Inter ? Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter