Ramón Díaz e o Inter: A Profecia do 'Não Vai Cair' Resurge Contra o Vasco?

O Sport Club Internacional se depara com um confronto de extrema relevância nesta sexta-feira, um embate direto que pode definir os rumos de sua permanência na elite do futebol nacional. O adversário é o Vasco da Gama, e a partida em São Januário assume contornos dramáticos, especialmente sob a ótica de seu atual comandante, Ramón Díaz. O treinador argentino revisita um palco onde, há dois anos, proferiu uma frase que se tornaria um mantra de sucesso, agora um desejo ardente para os colorados: a garantia de não cair para a Série B.

A história se repete, mas com camisas trocadas. Ramón Díaz chegou ao Vasco em um momento de profunda adversidade, com a equipe na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro. Após um início instável, na sétima partida sob seu comando, um empate em 1 a 1 com o Bahia o impulsionou a uma declaração que ecoaria por São Januário:

Vasco no va a bajar (não vai cair).

A Trajetória de Ramón Díaz: Vasco x Inter

Naquela ocasião, o desempenho inicial de Ramón Díaz no clube carioca registrava apenas duas vitórias, dois empates e três derrotas em sete jogos, traduzindo-se em um aproveitamento de 38,09%. Curiosamente, sua performance atual à frente do Internacional apresenta similaridades notáveis. Em doze partidas, o técnico contabiliza três triunfos, cinco igualdades e quatro reveses, resultando em um aproveitamento de 38,88%. A tabela a seguir detalha essa comparação:

No decorrer daquele Campeonato Brasileiro, a equipe vascaína sob a batuta do argentino experimentou uma significativa ascensão. Em um total de 24 confrontos, o time obteve dez vitórias, seis empates e oito derrotas, elevando seu aproveitamento para 50% e, consequentemente, assegurando sua permanência na primeira divisão.

Foto: (Ricardo Duarte/SC Internacional)

Liderança e Motivação em Momentos Decisivos

Para alcançar tal reviravolta e acumular os pontos necessários, Ramón Díaz jamais permitiu que a confiança da equipe fosse abalada. Sua postura, que transmitia inabalável convicção no vestiário para superar a zona de rebaixamento, impressionou figuras como Abel Braga, que na época atuava como diretor técnico em São Januário. Braga recorda o impacto da abordagem do argentino:

O Inter tem um grande comandante, com muita experiência. Em momento algum o Vasco, na situação complicada que estava, nunca usou o termo rebaixamento. Sempre falava que não cairia e conseguiu.

O tema da superação foi abordado de forma persistente desde sua apresentação. Inicialmente, o técnico demonstrou maior comedimento, enfatizando o compromisso com o trabalho árduo. Aqueles que o acompanharam de perto atestam que essa não era uma mera retórica. Ramón Díaz, seu filho Emiliano, e o restante da comissão técnica dedicam-se a uma análise minuciosa das características dos adversários, avaliando o desempenho da equipe e identificando pontos cruciais para aprimoramento.

Contudo, a mera análise não bastaria. Era imperativo que as instruções fossem transmitidas com eficácia e encontrassem aderência no vestiário. Essa capacidade, aliada ao seu passado como jogador, que o aproximava de seus comandados, era um diferencial. Abel Braga complementa:

O Ramón tem uma série de vantagens. Tem uma ótima comissão. Principalmente com o filho, que participa diretamente nos treinos. Monta, explica e trabalha. Sempre quando eu chegava na sala deles, já estavam vendo os vídeos. Era impressionante.

Braga ainda ressalta a habilidade de Díaz em inspirar o grupo:

O Ramón tem muita penetração e consegue um grau de motivação muito alto.

A Resiliência Colorada e os Cálculos da Permanência

Recentemente, o treinador argentino adotou um discurso que enfatiza a dependência do Internacional de suas próprias forças para assegurar a permanência na elite. Após o empate em 1 a 1 com o Santos, a questão do rebaixamento foi novamente levantada. Ramón Díaz sublinhou a existência de múltiplos times envolvidos na luta pela salvação, mas reiterou a importância do trabalho e da união do grupo para atingir o objetivo. Em suas palavras, a equipe demonstra um espírito combativo:

O Inter está vivo, não está morto. Vivo pelas situações, como criamos e jogamos. Não temos medo. Vamos competir, gente. Que os fãs e o clube fiquem tranquilos, que competiremos até o final. Temos caráter. Lutaremos até o final.

Abel Braga corrobora essa perspectiva, avaliando que o desempenho da equipe antes do intervalo de jogos recentes confirma a força do elenco, apesar dos resultados nem sempre favoráveis. O ídolo colorado reforça a ideia, citando a construção do gol de Alan Patrick em uma partida anterior:

Se não transmitir bem neste momento, não faz o primeiro tempo do Santos. Foi um absurdo não terminar 3 a 0, ir ao vestiário tranquilo. Lembra o gol contra o Santos, uma cavadinha, ajeitada de peito do Borré e o gol do Patrick? Não é qualquer time que faz aquela jogada.

Atualmente na 15ª posição com 41 pontos, o Internacional busca consolidar sua posição na Série A para 2026. A equipe pode garantir sua permanência sem depender de critérios de desempate se alcançar as seguintes condições em relação aos seus concorrentes diretos:

O adversário desta sexta-feira, o Vasco, ocupa a 13ª colocação com 42 pontos e também busca afastar qualquer ameaça da parte inferior da tabela. A confiança, segundo Abel Braga, é primordial neste momento decisivo:

É o momento da confiança. Não acredito em rebaixamento em hipótese alguma. Todos precisam estar na mesma direção para salvar. O Inter não cai.

Os torcedores colorados aguardam ansiosamente que o bordão de Ramón Díaz, oriundo de sua passagem pelo Vasco, se materialize novamente, afiançando a permanência do Internacional na Série A. Que o confronto desta sexta-feira, válido pela antepenúltima rodada do Brasileirão, sirva de catalisador para uma vitória em São Januário, reafirmando o caráter e a luta do clube gaúcho.