Longevidade no Futebol Moderno: Fernando do Inter, Roger Machado e o Exemplo de CR7

O cenário do futebol contemporâneo tem testemunhado uma transformação notável: a extensão das carreiras de atletas de alto rendimento. Longe vão os dias em que a barreira dos trinta anos era vista como um prenúncio de aposentadoria. Hoje, a ciência, a medicina esportiva e uma mentalidade profissional aprimorada permitem que jogadores não apenas prolonguem sua atuação, mas mantenham um desempenho de elite por mais tempo. É nesse contexto que a figura de Fernando, volante do Internacional, emerge como um estudo de caso emblemático.

Aos 37 anos, o meio-campista demonstra uma vitalidade e uma capacidade técnica que o mantêm como peça fundamental no esquema do Colorado, inclusive em 2025. Após a recente e decisiva vitória que garantiu a classificação do Internacional na Copa do Brasil sobre o Maracanã, o futuro do experiente jogador no clube foi tema de questionamento ao técnico Roger Machado, visto que seu vínculo contratual se estende apenas até o término da temporada vigente.

A Gestão Estratégica de Atletas Veteranos

Roger Machado, ao abordar a questão da longevidade de Fernando , trouxe à tona uma perspectiva que reflete a evolução do esporte. O treinador destacou a experiência como um atributo crucial para que atletas lidem com as exigências do tempo e as demandas de seus próprios corpos. Machado rememorou a realidade de sua época como jogador, quando ultrapassar os 30 anos frequentemente significava o declínio da carreira. Essa percepção, contudo, foi substancialmente alterada.

A diferença, segundo o comandante colorado, reside na capacidade de autogestão e na aplicação de metodologias de trabalho mais inteligentes. "O atleta muito jovem por vezes desconsidera uma pequena dor, se não reduz um dia de carga acaba evoluindo para um problema maior. O Fernando não, optamos por alterar as cargas de trabalho, treinar com melhor qualidade para que ele possa render mais", ressaltou Roger. Esta abordagem demonstra um entendimento sofisticado sobre a periodização e a individualização do treinamento, elementos cruciais para preservar a integridade física de jogadores com uma longa trajetória.

O Paradigma de Cristiano Ronaldo e a Idade Metabólica

Para ilustrar o potencial de longevidade no futebol moderno, Roger Machado utilizou um dos maiores exemplos globais: Cristiano Ronaldo. O astro português, atualmente com 40 anos, surpreendeu ao revelar sua "idade metabólica" de 28,9 anos. Este dado, divulgado por uma companhia de tecnologia especializada em monitoramento de saúde, é fruto de avaliações baseadas em indicadores fisiológicos.

A menção a Cristiano Ronaldo não foi aleatória. "Acabamos de ver a reportagem do Cristiano Ronaldo que tem 28 anos de idade biológica. Quem joga fora do Brasil a maior parte do tempo tem uma economia de saúde muito grande, porque joga menos. Quando retorna ao Brasil, se soubermos cuidar melhor do atleta, porque tem mais tecnologia, recursos... Fernando pode tranquilamente, se desejar, jogar perto dos 40 anos com facilidade", enfatizou o treinador. A comparação sublinha a ideia de que, com o suporte tecnológico e a gestão adequada, a vida útil de um atleta de elite pode ser significativamente estendida, desafiando as convenções do passado.

O Futuro de Fernando no Internacional: Entre a Performance e a Autopercepção

Faltando aproximadamente dois meses para completar 38 anos, Fernando ainda não definiu seu destino para além de 2025. O diálogo sobre uma possível renovação com o Internacional deve ocorrer mais próximo do encerramento da temporada em curso. A decisão, no entanto, não dependerá apenas do clube, mas também da autopercepção do próprio atleta em relação à sua condição física.

Em uma entrevista anterior, Fernando expressou a prudência que um jogador de sua experiência adota diante do futuro:

"Veremos se o corpo aguenta. Para o final do ano ainda falta muito. Vou ver como será em três competições. Se o corpo suportar bem até outubro, novembro, voltamos a conversar."

Essa declaração revela uma maturidade profissional, onde a continuidade da carreira é condicionada à capacidade física de competir em alto nível, um fator que, no esporte de elite, é tão crucial quanto o desejo de permanecer em atividade.