Inter: O Empate Contra o Juventude e a Missão de Ramón Díaz pela Permanência

O empate em 1 a 1 com o Juventude na noite de sábado escancarou a complexidade do cenário que Ramón Díaz e seu filho Emiliano terão pela frente no comando do Internacional. A dupla de técnicos estreou diante de um dos elencos mais frágeis do Campeonato Brasileiro, contudo, o Colorado ainda assim sofreu e deixou evidente que a missão será árdua, com um objetivo singular e inegociável: alcançar os 45 pontos que garantem a permanência na elite.

O Juventude, afundado na zona de rebaixamento, conseguiu impor uma pressão considerável sobre o Inter na etapa complementar. A incapacidade de converter essa pressão em uma virada no placar deveu-se mais às suas próprias limitações ofensivas do que à solidez colorada, que havia inaugurado o marcador com Alan Patrick antes de Ênio restabelecer a igualdade. Ainda assim, o confronto expôs falhas significativas em todos os setores da equipe gaúcha.

É inegável que o Internacional estava repleto de desfalques importantes para a partida. Contudo, os erros observados no gramado de Caxias do Sul seguiram um enredo lamentavelmente familiar aos torcedores, remetendo aos padrões que se tornaram rotina sob o comando anterior de Roger Machado. A defesa mostrou-se vulnerável, o meio-campo careceu de criatividade e o ataque sofreu com um abastecimento insuficiente. Os Díaz herdaram, portanto, um panorama problemático e já sentiram os efeitos em campo.

A Herança Problemática e o Início da Era Díaz

O gol de Alan Patrick , que abriu o placar, surgiu da única jogada construída com real eficiência pelo Internacional . Carbonero aproveitou um equívoco de Nenê, avançou em velocidade, invadiu a área e finalizou. O rebote concedido pelo goleiro Jandrei foi capitalizado pelo capitão colorado.

No entanto, a segunda metade da partida foi integralmente dominada pelo Juventude. Romero, uma das opções dos argentinos no time titular para o meio-campo, teve uma participação discreta e pouco acrescentou. O sistema defensivo do Inter não conseguiu manter a bola longe da área defendida por Anthoni, culminando no gol de empate dos donos da casa. O zagueiro Mercado, inclusive, reconheceu o desempenho insatisfatório da equipe na segunda etapa: "Não conseguimos ficar com a bola".

A igualdade do Juventude veio após um cruzamento de Bilu, um toque de calcanhar de Gilberto e a finalização certeira de Ênio, evidenciando uma série de falhas individuais por parte de Victor Gabriel, Vitão e Alan Benítez, que não conseguiram conter a progressão adversária.

Foto: (Divulgação)

Lacunas Táticas e a Fragilidade Defensiva

A nova comissão técnica argentina assumiu o comando na quinta-feira, concedendo-lhes apenas dois dias de treinos antes da partida. A expectativa de uma mudança radical em tão breve espaço de tempo seria, de fato, irrealista. O legado deixado por Roger Machado, que chegou a ser elogiado pelo título do Gauchão, desfez-se de forma notável após a lesão de Fernando em junho. Desde então, o Internacional não conseguiu reencontrar um caminho consistente e um padrão de jogo.

A demora da diretoria em agir frente à deterioração do desempenho apenas agravou a situação. Embora o discurso oficial ainda aponte para a busca de uma vaga na próxima edição da Conmebol Libertadores, a realidade impõe uma prioridade inegável e urgente: o foco total em evitar o rebaixamento.

Da Ambição Continental à Urgência da Permanência

Na próxima quarta-feira, Ramón e Emiliano comandarão o Internacional pela primeira vez no Estádio Beira-Rio, enfrentando o Corinthians ? um adversário que conhecem bem. Este embate representa um trunfo crucial para iniciar uma escalada de pontos e tentar mudar o rumo da temporada, que se mostra cada vez mais desafiadora.

O desafio é monumental. Se a nova comissão técnica conseguir incutir um padrão de jogo e uma solidez defensiva à equipe, já terá realizado um trabalho de grande valia. Caso superem essa meta e conquistem uma vaga na Libertadores, merecerão todas as honras. Por ora, o foco precisa ser cristalino e inegociável: pontuar e se afastar, de maneira definitiva, da zona de rebaixamento.