Inter Fora da Libertadores: A Repetição de Falhas e o Futuro Incerto

A equipe colorada demonstrou novamente suas limitações estruturais, a escassez de soluções táticas e um modelo de trabalho que, de forma recorrente, falha em apresentar um desempenho convincente. O desfecho foi mais uma eliminação amarga, um roteiro que se repete com uma frequência preocupante. Contudo, a manutenção de Roger Machado à frente da equipe, respaldada pela cúpula diretiva, surge como um paradoxo diante do quadro desolador.

As contradições se avolumam. A "diferença de investimento", argumento frequentemente invocado para justificar a queda diante do Flamengo, fatalmente ressurgirá como obstáculo na próxima edição da Conmebol Libertadores. Caso o clube consiga, de alguma forma, assegurar uma vaga nesse torneio em um ano que se desenha melancólico, a questão dos recursos permanecerá como um desafio perene.

A derrota por dois a zero para o time carioca na noite de quarta-feira, em pleno Beira-Rio, apenas chancelou um prognóstico já antecipado por muitos. Os visitantes demonstraram total despreocupação em atuar nos domínios colorados, controlando a partida de maneira incontestável, assim como ocorreu em seus dois triunfos anteriores. Em nenhum momento, em qualquer instante da partida, o Colorado transmitiu a impressão de que possuía os meios para reverter o placar e buscar a classificação.

A Persistência de um Modelo Defasado

O time replicou o padrão de desempenho observado desde o término do primeiro semestre, período que coincidiu com a pausa para a disputa do Mundial de Clubes e viu a equipe mergulhar na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A defesa é consistentemente vulnerável, o meio-campo apresenta-se espaçado e desprovido de qualquer criatividade, e o setor ofensivo recebe pouca munição. Quando a bola eventualmente chega aos atacantes, a capacidade de finalização é precária.

Alan Patrick, que personificava a esperança de uma mudança no cenário pela sua qualidade técnica, foi completamente anulado pela marcação de Saul. Rochet, cuja função é transmitir segurança à meta, cometeu uma falha acintosa. Ao soltar o chute de Samuel Lino, propiciou o gol de Arrascaeta e sacramentou a eliminação ainda na etapa inicial do confronto.

Rochet sentiu a eliminação pela falha cometida ? Foto: Tomás Hammes

Visivelmente desapontado, o goleiro balançava a cabeça em negação, ciente do erro que desfez o sonho da equipe. O segundo gol do adversário, já nos instantes finais, serviu apenas para aprofundar a tristeza dos torcedores. Desta vez, o tento foi fruto de um erro coletivo da frágil estrutura defensiva orquestrada por Roger.

Ao apito final, o estádio reverberou com as vaias de uma torcida que havia promovido uma festa espetacular, com as "ruas de fogo" no entorno do Beira-Rio, e tentado empurrar o time com toda a sua energia. Contudo, foi engolida por uma equipe apática, desprovida da mínima indignação necessária para reverter um cenário tão desfavorável.

Foto: (Ricardo Duarte/SC Internacional)

O Voto de Confiança e o Clima de Descontentamento

Roger e o presidente Alessandro Barcellos foram alvo de hostilidades nas arquibancadas e no pátio do estádio, em um claro protesto da torcida insatisfeita. O mandatário, no entanto, garantiu a permanência do técnico.

O nosso treinador, o Roger, já demonstrou a sua capacidade.

? Alessandro Barcellos, presidente do Inter

?Trabalho, aquilo que já entregou. Resultados. Acredito nisso. Desta forma trabalharemos a partir de amanhã (quinta-feira). Uma cobrança, evidentemente, porque a mudança desta forma de jogar, sem os resultados, necessita mesmo de um trabalho que nos dê resultados e que volte a dar vitórias?, afirmou o presidente.

Roger viu o Inter perder mais uma partida em casa ? Foto: Tomás Hammes

O Discurso do Investimento Versus a Realidade em Campo

O dirigente, lamentando a eliminação, apontou a discrepância nos investimentos entre Internacional e Flamengo como uma das razões do revés. Embora essa diferença seja inegavelmente um fator relevante no futebol contemporâneo, a gestão atual já sucumbiu a adversários com poderio financeiro significativamente inferior ao do Colorado, como Juventude, Rosario Central, Melgar, Caxias, Vitória, América-MG e Globo.

Barcellos detalhou a disparidade financeira:

?A verdade é que precisamos aprofundar um pouco mais esse tema. Investimento nesta janela da ordem de R$ 277 milhões contra um de R$ 27 milhões, 10 vezes mais. Se falarmos das últimas quatro janelas, R$ 600 milhões. É um elemento novo no futebol brasileiro e precisamos trabalhar com ele. Não explica o momento que temos passado em campo, mas é importante e relevante?, declarou Barcellos.

O Caminho Nebuloso e as Perspectivas Futuras

O objetivo restante, ou melhor, o que sobrou da temporada, é a luta por uma vaga na próxima edição do torneio continental. Afinal, o Colorado ocupa uma constrangedora 12ª posição na tabela do Campeonato Brasileiro, com 24 pontos, e uma desvantagem de 19 pontos em relação ao líder Flamengo.

Aqui reside um detalhe curioso. Caso o clube alcance esse prêmio de consolação, o roteiro de 2026 provavelmente se repetirá: o confronto inevitável com equipes economicamente mais poderosas, sem que as questões estruturais tenham sido, de fato, endereçadas.

Alex: "o time do Inter é muito bom, mas mais uma vez não conseguiu jogar"

O futuro do Internacional apresenta-se nebuloso. Não há perspectiva real de conquista de um título de relevância em um curto espaço de tempo. Roger demonstra falta de repertório para alterar o panorama técnico da equipe, e a direção parece sem alternativas concretas para aprimorar o elenco e encontrar meios de oxigenar as finanças do Beira-Rio.

O triste desfecho de 2025 terá um novo capítulo no próximo sábado, quando o Colorado enfrentará o Cruzeiro às 18h30 no Mineirão.