Inter: Após Goleada, Rebaixamento Moral e a Última Cartada da Mística

A chuva torrencial que desabou sobre São Januário na noite de sexta-feira parecia ecoar a profunda melancolia e a fragilidade evidente do Internacional. A humilhante derrota por 5 a 1 para o Vasco da Gama, pela 36ª rodada do Brasileirão 2025, conferiu aos gaúchos um rebaixamento que, embora ainda não confirmado matematicamente, já se manifesta em seu aspecto moral. Neste cenário desolador, a ?mística?, ou o ?peso da camisa? como prefere o presidente Alessandro Barcellos, emerge como a derradeira e mais tênue das esperanças.

Pouco resta a ser dito sobre o desempenho pífio. O time colorado sucumbiu logo no primeiro minuto de jogo e demonstrou falhas sistemáticas cada vez que a equipe adversária, sob o comando de Fernando Diniz, impunha pressão. O placar, inclusive, poderia ter sido ainda mais elástico. A única constância observada foi a sucessão de gols sofridos: dois em nove minutos na etapa inicial e mais dois em doze minutos no segundo tempo, evidenciando uma vulnerabilidade alarmante.

O Impacto da Goleada: Rebaixamento Imaterializado?

O que mais intriga, contudo, é a ausência de qualquer medida corretiva após tamanha indignidade. Ramón Díaz, Emiliano e todo o departamento de futebol permanecem incólumes em suas posições, ao menos na mesma noite em que o clube foi publicamente desonrado no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, o presidente Barcellos tentou infundir alguma confiança, afirmando:

Confiamos na comissão e atletas e não vamos cair. Se alguém não acreditar, já iremos derrotados.

Para quem não acompanhou a repercussão imediata do confronto, a permanência da estrutura atual pode soar surpreendente. Apesar de a comissão técnica, segundo a percepção geral, agravar o desempenho do time a cada rodada, sem jamais conseguir implementar um padrão de jogo consistente, o vice-presidente José Olavo Bisol, o executivo André Mazzuco e o diretor esportivo D?Alessandro, responsáveis pela formação do elenco, mantiveram-se em seus postos.

A Inabalável Confiança da Diretoria Colorada

A decisão de não promover alterações é ainda mais curiosa por partir de Alessandro Barcellos. Ao longo de seus cinco anos à frente do clube, o presidente já realizou inúmeras trocas em diversas esferas, mas seu currículo de conquistas se resume a um único Campeonato Gaúcho. Esta gestão acumula uma série de reveses, com eliminações precoces para equipes como Globo, Melgar, Caxias, América-MG e Vitória, enquanto a dívida do clube segue em ascensão.

Agora, o cenário aponta para um capítulo final que pode ser o mais sombrio: a concretização do rebaixamento do Internacional , um desfecho que, até então, parecia impensável para muitos. A incompetência demonstrada, aliada à humilhação em São Januário, fez com que até mesmo a fria matemática deixasse de ser uma aliada. O Colorado não detém mais o controle de seu próprio destino.

O Passado Inconsistente da Liderança do Inter

O Internacional , que outrora apostou contra a própria sorte, viu seu executivo Mazzuco, em um momento anterior, declarar que não entender a ânsia em falar sobre rebaixamento, e a família Díaz demonstrar desconforto com o tema. Agora, a equipe se vê na iminência de depender exclusivamente da tal "mística". Barcellos, em meio à adversidade, reforçou:

Precisamos dar resposta e acreditar no Inter, na mística desta camisa. Acreditar que é possível.

A situação é crítica. Caso o Vitória conquiste uma vitória sobre o Mirassol neste sábado, o Internacional ingressará na zona de rebaixamento. Os baianos atingiriam 42 pontos, enquanto Santos e Inter permaneceriam com 41. O time da Vila Belmiro, contudo, conseguiu reverter uma desvantagem de seis gols no saldo, ultrapassando o Colorado na tabela.

A Matemática Cruel e a Última Esperança Colorada

A tabela de classificação, projetada após os resultados da rodada, ilustra a complexidade da situação:

Nenhum indício sugere uma reviravolta para o Internacional . O desempenho em campo jamais se estabeleceu, a qualidade técnica do elenco está aquém do esperado, e a apatia demonstrada é chocante. Agora, até mesmo a acumulação de pontos parece abandonar o clube. Por mais que a direção prometa a enésima "mobilização", a crença em uma recuperação é mínima. Talvez, como reiterado pelo presidente Barcellos, apenas a "mística" da camisa colorada possa intervir. O Internacional necessita de um verdadeiro milagre para evitar o segundo rebaixamento em sua história.