Flamengo x Inter: A Trajetória de 2019 e o Imperativo da Libertadores

O cenário para o Flamengo na Copa Libertadores de 2025 é de um imperativo inegável. Sob o comando de Filipe Luís, que já sentiu o peso destas disputas como jogador, a equipe rubro-negra se encontra diante de um desafio colossal. A recente eliminação na Copa do Brasil intensifica a exigência por um desempenho irretocável no torneio continental, remetendo a memórias de sucesso, mas também de um contexto significativamente distinto daquele de outrora.

Em agosto de 2019, o rubro-negro carioca mediu forças com o Internacional nas quartas de final da Libertadores. Naquela ocasião, o Maracanã testemunhou uma vitória por 2 a 0, com dois tentos de Bruno Henrique, que pavimentou o caminho para a semifinal após um empate no Beira-Rio. Aquela classificação se revelou um passo crucial rumo à consagração continental, um título almejado e conquistado meses depois. Hoje, seis anos mais tarde, o reencontro nas oitavas de final traz consigo um peso consideravelmente maior, com o protagonista daquela vitória ainda presente no elenco e a arquibancada a ecoar uma demanda por resultados.

Este será o quinto embate entre Flamengo e Internacional na história da Libertadores. O retrospecto é favorável ao time da Gávea, que permanece invicto nos quatro duelos anteriores. Em 1993, pela fase de grupos, os confrontos resultaram em um empate sem gols e uma vitória por 3 a 1. Já nas quartas de 2019, o Flamengo obteve um triunfo por 2 a 0 e um empate por 1 a 1, consolidando sua superioridade no histórico recente. Assim como em 2019, a equipe carioca dará o pontapé inicial em seu destino na Libertadores de 2025 em seu próprio domínio, no Maracanã, nesta quarta-feira, às 21h30.

A Obrigação Continental e o Peso das Expectativas

Em 2019, o Flamengo vivia os primórdios da ?Era Jorge Jesus?. Não se tratava ainda da máquina vitoriosa que imporia sua hegemonia em diversos torneios. A equipe havia superado o Emelec nas oitavas, em um embate decidido nos pênaltis, e começava a moldar o estilo ofensivo que marcaria a temporada. O Internacional , sob a batuta de Odair Hellmann, ostentava uma campanha sólida, tendo eliminado o Nacional-URU nas oitavas, e contava com Paolo Guerrero como sua principal referência ofensiva. O duelo era visto como o primeiro grande teste para o rubro-negro, um confronto de peso contra um adversário brasileiro na Libertadores.

O Maracanã, como de costume, vibrará em vermelho e preto nesta quarta-feira, com a maioria dos ingressos já esgotada. E, de forma similar ao que ocorreu em 2019, o Flamengo chega a este confronto já tendo sido eliminado da Copa do Brasil. A Libertadores, que outrora era um sonho de consumo para os rubro-negros ? que não celebravam o título desde 1981 ?, agora se configura como uma obrigação. Campeões em 1981 e novamente em 2022, os torcedores se habituaram a almejar grandes conquistas. Por isso, o contexto atual eleva o torneio ao patamar de imperativo.

Esta pressão se acentua, também, pelo fato de a diretoria ter estabelecido outra competição como prioridade para o ano em curso. Desde o início da temporada, o Campeonato Brasileiro figurou no topo da lista de objetivos do Flamengo. Com a Copa do Brasil fora de alcance, após a eliminação para o Atlético-MG nas oitavas de final, a torcida exige que o time lute pelos dois títulos restantes. Consequentemente, as oitavas da Libertadores representam um momento de intensa cobrança para Filipe Luís, apesar de seu histórico recente de conquistas.

Filipe Luís e a Busca por Consistência

O treinador, que já ergueu a Copa do Brasil em 2024 e o Campeonato Carioca e a Supercopa em 2025, ostenta números notáveis, com apenas seis derrotas em sessenta jogos disputados. O Flamengo, inclusive, encerrou o primeiro turno na liderança do Brasileirão. Contudo, Filipe Luís atravessa o período de maior escrutínio em sua passagem pelo clube. O desempenho irregular da equipe nos últimos confrontos, particularmente no setor ofensivo, é a principal razão para a insatisfação daqueles que anseiam pelo retorno do futebol envolvente que o time já demonstrou nesta temporada.

O técnico encara o embate contra o Internacional sem seu principal articulador, Arrascaeta, suspenso, e com os reforços contratados na janela de transferências ainda em fase de adaptação. Será imperativo que ele promova novas modificações na equipe, podendo, inclusive, contar com a presença de um jogador que evoca boas lembranças na memória do torcedor quando o adversário é o Colorado.

Arthur Muhlenberg desabafa sobre Flamengo: "Espetáculo bom é ser campeão"

Bruno Henrique: Do Protagonismo Absoluto à Busca por Espaço

Bruno Henrique , o grande nome da última classificação sobre os gaúchos, é um dos remanescentes daquele histórico elenco rubro-negro, ao lado de Arrascaeta e do próprio Filipe Luís. Rodrigo Caio, atualmente auxiliar técnico, também esteve em campo naquele memorável confronto. Bruno Henrique foi o artífice da vitória do Flamengo nas quartas de 2019, marcando os dois gols no Rio e fornecendo a assistência para o gol de Gabigol no empate em Porto Alegre. Aquela temporada representou o auge de sua carreira, com impressionantes 35 gols e 15 assistências em 62 partidas. Naquele momento, o clube e o jogador encontravam-se em ?outro patamar?.

Embora o atacante tenha declarado que o elenco de 2025 é superior ao de 2019, individualmente, Bruno Henrique não atravessa seu melhor momento. Não é um titular incontestável, nem exibe a mesma capacidade decisiva de seis anos atrás, somando sete gols e duas assistências na temporada atual. No entanto, sua presença ainda pode fazer a diferença, como demonstrado pelos dois gols na vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo, na final da Supercopa do Brasil em fevereiro, e o gol com assistência no triunfo por 3 a 1 sobre o Chelsea, no Mundial de Clubes.

Fora dos gramados, Bruno Henrique enfrenta processos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e na Justiça Comum, acusado de supostamente ter forçado um cartão amarelo em uma partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, beneficiando apostadores. Desde que foi indiciado pela Polícia Federal em abril, o atacante marcou apenas um gol, contra o Chelsea, nos Estados Unidos, em 23 jogos disputados neste período.