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Erik Menezes: Ex-Internacional Brilha no Al-Ain e Revela Mágoas e Sonhos no Futebol Árabe

Por Redação FutInter em 18/06/2025 14:41

Aos 24 anos, Erik Menezes se encontra às portas de um dos ápices de sua trajetória profissional. Nascido em Quaraí, no extremo oeste do Rio Grande do Sul, o lateral-direito, cuja formação se deu nas categorias de base do Internacional, prepara-se para o desafio da Copa do Mundo de Clubes com o Al-Ain, sua equipe nos Emirados Árabes Unidos. O embate de estreia, agendado para esta quarta-feira, será contra a Juventus, às 22h, um teste significativo para o time árabe.

Titular absoluto e campeão da Liga dos Campeões da Ásia ? título que garantiu a vaga no Mundial de Clubes ? Erik aborda a competição com realismo, mas sem abdicar do otimismo. O jogador evoca a notável vitória sobre o Al-Hilal de Jorge Jesus, que pôs fim a uma impressionante sequência invicta, como um indicativo da capacidade de sua equipe.

Desencanto e a Saída do Beira-Rio

Apesar de sua ascensão no cenário global, a memória de sua passagem pelo Internacional carrega um misto de gratidão e desilusão. Erik chegou ao Colorado com apenas 13 anos, permanecendo até os 19. Ele reconhece o papel fundamental do clube em sua formação pessoal e profissional, referindo-se a ele como sua "segunda casa" e a porta de entrada para o futebol de alto nível. Contudo, suas declarações revelam uma mágoa persistente em relação às decisões tomadas na época.

O lateral-direito ascendeu ao elenco profissional, participando de duas partidas. No entanto, o anseio de consolidar sua posição no clube esfriou com a chegada de novos reforços. Sua solicitação para disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2020 foi negada, sob a justificativa de que seria utilizado no Campeonato Gaúcho. Surpreendentemente, não jogou em nenhuma das duas competições. Diante da primeira proposta do exterior, a decisão de partir foi imediata e irrefletida.

"Depois do Gauchão já me desceram. E os meninos foram campeões na Copa São Paulo. Se eu estivesse, provavelmente eu seria também. E aí veio o lateral que foi campeão na Copa São Paulo e os caras me desceram. Nesse movimento eu fiquei superchateado, triste. Achei uma injustiça. Os caras me prometeram umas coisas e não fizeram. Na primeira proposta, já pedi para sair"

Ascensão e Consolidação nos Emirados Árabes

A chegada aos Emirados Árabes Unidos marcou um novo capítulo na carreira de Erik , caracterizado por uma rápida adaptação e acolhimento. Tamanha foi a integração que o jogador iniciou o processo de naturalização no país, estando a apenas um mês de completar os cinco anos exigidos pela FIFA para poder representar a seleção local. Essa decisão, contudo, não é desprovida de complexidade, pois o adormecido sonho de vestir a camisa da seleção brasileira reacende em um momento de participação em uma competição de tamanha envergadura.

A titularidade no Al-Ain não apenas o posicionou como peça-chave no sucesso do clube, mas também o inseriu em um cotidiano de confrontos com algumas das maiores lendas do futebol mundial. Erik relata que, embora se esforce para manter a postura profissional em campo, é inevitável que o ?torcedor? dentro dele venha à tona em certas ocasiões.

"Quando o Neymar entrou no campo, eu fiquei olhando da cabeça aos pés e não acreditava. Nem parecia real. O Neymar foi o cara que eu, dentro do jogo, do meu trabalho, fiquei como torcedor, meio admirando."

A admiração se estende, mas a timidez também se faz presente. Erik confessa que, apesar de ter trocado camisas com Roberto Firmino, por quem nutre grande respeito por sua fé, a oportunidade de pedir a camisa de Neymar foi ofuscada pela vergonha. ?Só do Firmino, que eu troquei (camisa) porque ele é cristão e eu tenho muita admiração por ele. Mas a do Neymar, eu fui pedir e fiquei envergonhado. Porque o Neymar me deu muita moral. Ele me tratou supernormal. Eu falei: não vou incomodar o cara. Todo mundo quer. Aí eu fico meio assim?, detalha o atleta.

Similarmente, nos duelos contra o Al-Nassr, onde atua Cristiano Ronaldo, Erik hesitou em buscar um contato mais direto com o ídolo português. Ele percebia a atenção que o craque dedicava aos colegas que o abordavam, mas sua própria timidez e o perfil competitivo de Ronaldo o inibiram. ?O Cristiano Ronaldo passa (uma impressão) que 'eu estou concentrado, focado'. E aí meio que tu também já se conecta, entendeu? Ele nem dá abertura pra falar com ele no momento. Eu que sou mais envergonhado ainda. Quando eu joguei com ele, a gente ganhou deles. E aí mais um motivo para não ir até ele. Porque ele é muito competitivo. Mas via que meus colegas iam e ele dava atenção. Sou meio envergonhado?, relata.

O Dilema da Nacionalidade e o Sonho Mundial

Com a proximidade do Mundial de Clubes, o horizonte de Erik se expande, trazendo consigo um dilema de lealdade nacional. A possibilidade de defender a seleção dos Emirados Árabes Unidos, país que o acolheu e transformou sua vida, colide com o latente sonho de representar o Brasil. A escolha, ele admite, será complexa, pautada pela gratidão e pela busca por oportunidades concretas.

"Depois de um Mundial, grandes coisas acontecem. Se não tivesse, acho que seria unânime, só oportunidade dos Emirados mesmo. Mas com alguma coisa grande acontecendo, talvez eu tenha a oportunidade de escolher a seleção brasileira. Seria uma decisão muito difícil, porque os Emirados mudaram a minha vida. E tenho muita gratidão. Eu não posso também só ficar esperando um sonho, né? Estou mais direcionado a escolher os Emirados Árabes com muita alegria"

Essa perspectiva pragmática o leva a ponderar sobre o futuro, equilibrando o desejo idealizado com a realidade das oportunidades. O sucesso no Al-Ain, culminado com o título continental, serve como um trampolim para ambições ainda maiores no cenário global do futebol.

Apesar da adaptação e do apreço pela cultura e culinária árabe, Erik não esconde a profunda saudade de suas origens. O jogador fala com carinho da família, do sítio, do bolo da avó e até mesmo da chuva, um elemento climático tão comum no Sul do Brasil e tão raro nos Emirados. O chimarrão, ritual tão gaúcho, é uma forma de manter viva a cultura, mesmo que exija um ar-condicionado a 18°C para replicar a sensação de um dia frio.

"Sinto falta de sentar no pátio, tomar um chimarrão, conversar com a família. Quando vou pra Quaraí, parece que tudo volta. Até o sotaque fica mais forte. Só que os Emirados não me ajudam muito. Eu tenho que ligar ar condicionado para tomar um chimarrão (risos). Mas, cara, eu gosto muito"
"Cara, eu sinto muita falta de chuva. Acredita? Chuva. E aí eu lembro que quando eu morava no Brasil, reclamava e ficava triste. Mas agora eu sinto muita falta."

Raízes Profundas e o Futuro no Futebol

Pai de uma menina de dois anos e meio, Erik nutre o desejo de apresentar à filha as belezas e a simplicidade de sua terra natal, Quaraí. Para ele, a cidade natal supera destinos turísticos globalmente renomados, como a Itália, a ponto de gerar discussões acaloradas com sua família. ?Quero que ela conheça minha cidade, veja as crianças brincando no interior. É uma vida mais simples, mas muito rica. Uma vez eu tive uma briga muito séria dentro do carro com a minha esposa e com o meu sogro, porque eu falei que Quarai era melhor que a Itália?, revela.

Apesar da saudade e do forte vínculo com suas raízes, Erik não vislumbra um retorno ao futebol brasileiro no curto prazo. A segurança, tanto pessoal quanto financeira, e a valorização profissional que encontrou nos Emirados Árabes pesam significativamente em sua decisão. Além, é claro, do carinho e da gratidão que desenvolveu pela nação que o acolheu e o viu prosperar.

"Hoje, não tenho vontade de voltar. Claro que tem o sonho de jogar um Brasileirão, mas não posso viver só de sonho. Aqui sou valorizado, e penso muito na minha família"

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Comentado em 18/06/2025 19:02 Aff, mais um na gringa! Manda bem, Erik!
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Comentado em 18/06/2025 16:51 Erik, brabo! Vamos Al-Ain, mano!
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