Carille no Vitória: Estratégia Tática Revelada para Duelo Contra o Inter

A chegada de Fábio Carille ao comando técnico do Vitória representa um movimento estratégico do clube em um momento de extrema urgência. Anunciado como sucessor de Thiago Carpini na última quarta-feira, o experiente treinador teve um tempo exíguo para imprimir sua filosofia, conduzindo nesta sexta-feira seu único treinamento antes do embate decisivo contra o Internacional, agendado para este sábado, válido pelo Campeonato Brasileiro.

A apresentação oficial de Carille, ocorrida em Porto Alegre, sublinha a aposta da diretoria rubro-negra em um nome de peso. Com um currículo que ostenta títulos das Séries A e B por clubes como Corinthians e Santos, o novo comandante firmou vínculo com o Leão até julho de 2026. Gustavo Vieira, diretor de futebol do Vitória, expressou a confiança depositada no técnico, afirmando que "A presença de Fábio nos dá segurança que nosso caminho será bem conduzido dentro de campo."

O Desafio Imediato e a Busca por Confiança

Em suas primeiras declarações como técnico do Rubro-Negro, Fábio Carille fez questão de reconhecer o trabalho de seu antecessor, Thiago Carpini, antes de delinear sua própria missão. O foco primordial, segundo ele, é resgatar a autoconfiança do elenco para que o time possa realizar uma campanha robusta no Campeonato Brasileiro a partir de agora. "Trabalho do Thiago a gente tem que ressaltar, desde o ano passado, muitas vezes as coisas não encaixam. Meu trabalho junto com a comissão e todos os atletas e diretoria é passar confiança para os jogadores, deixar as coisas determinadas do que precisam fazer em campo e que façam o melhor para representar essa camisa tão histórica para a gente subir na classificação", explicou Carille.

O treinador enfatizou a singularidade do desafio que se apresenta: "O único campeonato é o Brasileirão até o final do ano, vamos trabalhar bastante para que seja muito bom até o final". A declaração reforça a concentração total do clube na competição nacional, dada a ausência de outros compromissos no calendário.

Estratégia Tática e Primeiras Impressões em Campo

Diante do cenário de tempo limitado para preparação, Carille indicou que as alterações na formação titular serão mínimas. O elenco contará com os recém-chegados Thiago Couto (goleiro), Rúben Rodrigues (meia) e Renzo López (atacante). "A ideia de jogo, essas coisas assim, se a gente tentar mudar muito neste momento pode ser muito ruim. A gente tem que ter calma, ajustei algumas coisas do que penso, como vamos atacar, marcar, deixei terminado algumas coisas. Mas é claro que é um processo que vai crescer bastante", detalhou o técnico.

Neste primeiro momento muitas mudanças podem não nos ajudar. Que a gente tenha muita calma neste momento e só acrescente ao que já vinha sendo feito.

Apesar de apenas uma sessão de treino, Carille manifestou otimismo em relação à resposta do grupo. "Campeonato Brasileiro está a cada ano mais difícil, mas hoje a gente já fez um trabalho de organização ofensiva, defensiva, do que entendo que é o melhor pelas características do grupo, do elenco . Resposta foi muito boa, espero que a gente leve organização e uma disputa maior para dentro de campo para buscar esse resultado positivo fora de casa", avaliou.

Quanto à formação tática, o treinador sinalizou sua preferência inicial pelo 4-2-3-1, mas ressaltou a adaptabilidade. "Independente se vão chegar jogadores ou não, a forma que mais gosto de jogar é o 4-2-3-1, isso que vou trabalhar. Depois a gente vê o mercado, as necessidades que faltam, com o Gustavo , o presidente e toda a diretoria. Daqui a pouco se vierem jogadores com outras características pode fazer a gente mudar", explicou. Ele complementou: "É a forma que gosto, mas já joguei com três zagueiros, no 4-1-3-2, no 4-2-2, mas hoje, com o que percebi, isso é o melhor para o momento, iniciar no 4-2-3-1. Mas o dia a dia vai mostrar se a gente pode jogar diferente."

O Panorama do Campeonato e a Mentalidade "Jogo a Jogo"

O confronto de estreia, válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, coloca o Vitória em uma posição delicada, na beira da zona de rebaixamento, com os mesmos 11 pontos do Internacional , que abre o Z-4. Essa partida, portanto, assume contornos de um verdadeiro confronto direto.

Carille, contudo, adota uma perspectiva de calma e pragmatismo. "Tempo de ter calma, já tive experiência dessa situação em outro clube. Faltam 26 rodadas, nunca vi desespero, não ter calma resolver alguma coisa. É ter pés no chão, trabalhar, ter ciência do que está acontecendo e trabalhar cada dia mais, com muita responsabilidade da comissão e dos jogadores para crescermos durante a temporada." A abordagem visa focar em cada compromisso como uma "decisão", evitando a pressão de olhar para a tabela de forma generalista. "Primeiro jogo fora, levar para os atletas que é pensar no próximo jogo, não no campeonato. Agora é o Inter. Decisão contra o Inter. Assim que vou tratar e levar jogo a jogo para a gente sair de baixo."

Sobre a construção de uma defesa sólida e um ataque eficiente, o treinador ponderou: "A gente depende muito do elenco que tem, das características dos jogadores. Já fui defensivo quando tive que ser, já fui ofensivo. A gente tem que trabalhar é tudo, emocional, confiança. Mas é o trabalho no campo que pode fazer, na parte ofensiva e defensiva. Deixar as coisas bem claras para que possam desenvolver da melhor forma possível." Ele busca um equilíbrio: "Busco equilíbrio, defesa forte, ataque forte. Mundial de Clubes mostrando muitas coisas para nós. Equilíbrio de toda forma, respeitando o adversário e as características de nossos atletas."

Construindo o Futuro: Elenco e Expectativas

A motivação para assumir o Vitória foi clara para Carille: "O que mais motivou é essa camisa, respeitada, um torcedor apaixonado. Por conhecer muitos jogadores, não de trabalhar junto, mas de estar acompanhando. Acreditar que a gente pode se recuperar muito bem dentro da competição." Ele reconhece que as primeiras semanas serão intensas, com foco em conversas e reuniões para alinhar as expectativas com os atletas.

A questão dos reforços é vista com cautela. "Ainda é muito cedo para falar de posições, de características. Entender onde o clube pode ir e também ver o que o mercado mostra para nós." Ele prefere avaliar o elenco em campo antes de definir as necessidades, enfatizando que é crucial não cometer erros na busca por novos atletas. Sua experiência com categorias de base também é um ponto a ser explorado: "Gosto muito das categorias de base, em todos os clubes que trabalhei sempre usei muitos jogadores. Como tem jogo em cima de jogo não sei se vou conseguir me aproximar, quero acompanhar. Sei que treinam no mesmo espaço, quero estar próximo e quem sabe puxar alguns para o profissional."

Carille demonstra otimismo sobre a permanência na Série A. "Muito cedo para ser pessimista, tem muitos pontos em disputa, campeonato está embolado. Acredito, sim, que a gente pode sair com tranquilidade e ficar na Série A. Nada de falar de rebaixamento. Vamos olhar para frente, quem sabe a gente não briga por coisas maiores na competição." Ele se descreve como um líder experiente, mas em constante aprendizado, buscando agregar valor ao grupo através do respeito e da escuta ativa. "Sou uma pessoa que já vivi muitas coisas, estou num processo de aprendizado muito grande ainda e venho para agregar. Claro que tem que ter um líder, sou esse líder hoje, mas sempre respeitando todo mundo, ouvindo bastante para tomar as decisões." A recuperação da competitividade, para ele, passa pelo trabalho e pela confiança, deixando claras as responsabilidades de cada um em campo para buscar a retomada. "Trabalho, confiança, deixar as coisas bem claras para que os atletas façam o melhor com bola e sem bola para que a gente busque a nossa retomada."