Adriano Imperador no Inter: Dunga Pediu, Mas Exames Impediram a Contratação Histórica

A história do futebol brasileiro é repleta de transições notáveis, com diversos atletas desfilando seu talento por gigantes como Internacional e Flamengo. Contudo, poucas narrativas se aproximam do que poderia ter sido: a chegada de Adriano Imperador, um dos maiores ícones rubro-negros, ao Beira-Rio. Em 2013, o Colorado esteve à beira de selar um acordo com o renomado atacante, em um movimento que, se concretizado, teria redefinido sua trajetória no esporte.

Naquele ano, precisamente em junho, o nome de Adriano, então com 31 anos, emergiu nos corredores do clube gaúcho. O jogador encontrava-se sem vínculo desde março de 2012, quando havia encerrado sua passagem pelo Corinthians. A iniciativa para sua contratação partiu de uma figura de peso: Dunga, que comandava a equipe colorada à época. Curiosamente, essa solicitação do treinador trazia um paradoxo, visto que Dunga havia optado por não incluir o Imperador na seleção que disputou a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.

A Divisão Interna e o Ceticismo da Direção

A ideia de trazer Adriano não encontrou unanimidade dentro da direção colorada. Figuras como Giovanni Luigi e Marcelo Medeiros, então presidente e primeiro vice-presidente, respectivamente, manifestavam considerável reticência quanto à viabilidade e aos riscos da empreitada. A controvérsia era tamanha que o assunto foi tema de uma reunião estratégica, realizada no escritório de Medeiros, nas proximidades do estádio Beira-Rio, para um debate aprofundado sobre o potencial negócio.

? Havia uma simpatia do Dunga e (Paulo) Paixão (preparador físico) pela vinda dele. Achavam que poderiam recuperá-lo. Fizemos um exame médico que apurou o que todos sabiam, a lesão no tendão de Aquiles. Não passou no teste. Era uma aventura perigosa ?

Essa é a avaliação de Marcelo Medeiros, que sintetiza a atmosfera de ceticismo. A esperança de Dunga e do preparador físico Paulo Paixão em reabilitar o atleta colidia com a realidade de seu histórico recente. Adriano vinha de um longo período de inatividade e, um ano antes, já havia demonstrado estar em condição física aquém do ideal durante sua terceira tentativa de retorno ao Flamengo. Além disso, havia sido submetido a uma segunda cirurgia no tendão de Aquiles do pé esquerdo em 2012, após uma grave lesão sofrida no Corinthians.

O Veredito Médico e o Fim de um Sonho

Diante desse cenário complexo, o Internacional tomou a precaução de enviar seu diretor médico, Paulo Rabello, ao Rio de Janeiro, com a missão de realizar uma avaliação minuciosa da condição física do jogador. Apesar dos desafios evidentes, Adriano demonstrava otimismo palpável em relação ao desfecho dos exames e à perspectiva de atuar no Beira-Rio.

? Claro que estou animado. Fiz todos os exames que precisava fazer e agora estou esperando uma ligação para viajar a Porto Alegre. Não vejo a hora ?

Declarou Adriano Imperador à época, expressando sua expectativa por um novo capítulo em sua carreira. O preparador físico Paulo Paixão, que acompanhava a situação de perto, mantinha, nos bastidores, a convicção de que seria capaz de recuperar o centroavante. No entanto, os resultados dos exames médicos foram categóricos, indicando que Adriano necessitaria de um tempo considerável para alcançar plenas condições de jogo. Tal constatação inviabilizou a negociação, e o anseio de ver o Imperador vestir a camisa colorada se dissipou tão rapidamente quanto surgiu.

A decisão final foi comunicada de forma concisa. Luís César Souto de Moura, então diretor de futebol do clube, confirmou o desfecho:

? O Internacional se retira da negociação pelo Adriano ?

De fato, a carreira profissional de Adriano não se estendeu por muito mais tempo após esse episódio. O atacante retornou aos gramados somente em 2014, defendendo o Athletico-PR, mas sua passagem foi breve, com apenas quatro aparições. Posteriormente, fez um único jogo pelo Miami United, em uma liga equivalente à quarta divisão dos Estados Unidos. Em um momento marcante de sua trajetória, o atleta promoveu uma partida de despedida no Maracanã, vestindo a camisa do Flamengo, consolidando seu legado junto à torcida que tanto o idolatrou.