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Abel Braga no Inter: A Missão Inédita e Sem Salário para Salvar o Colorado da Série B
Por Redação FutInter em 30/11/2025 21:21
A apresentação de Abel Braga no Internacional, ocorrida no último domingo (30), apenas 24 horas após seu anúncio, mais do que um evento protocolar, configurou-se como um marco de um compromisso singular. Em meio a um cenário de extrema delicadeza para o clube gaúcho, a confiança do experiente treinador na manutenção do Colorado na elite do futebol brasileiro, mesmo com apenas dois jogos pela frente, foi a tônica de sua chegada.
Os bastidores dessa contratação, revelados pelo presidente colorado Alessandro Barcellos, adicionam uma camada de profundidade à narrativa. O mandatário enfatizou que Abel Braga não receberá remuneração por sua atuação, uma condição imposta pelo próprio técnico. "Esse primeiro contato virou um contato definitivo e, em pouco tempo, respondeu ao clube positivamente que aceitava esse desafio tão importante para nós em um momento tão difícil que a gente está passando. É importante destacar que por decisão do Abel ele pediu para vir num momento desses tão difícil com contrato sem remuneração. Essa foi uma decisão e um pedido do Abel", declarou Barcellos.
Tal gesto, de acordo com o presidente, transcende o aspecto financeiro, servindo como uma poderosa injeção de ânimo para o ambiente do clube. "Esse gesto faz com que a gente, nessas duas próximas rodadas, e começou hoje com sua chegada, conversa no CT, conversa com a torcida, acaba energizando a todos e a gente vai, pode ter certeza, Abel, fazer de tudo para te dar todas as condições que você juntamente com nosso grupo de atletas possa nos tirar desse momento tão difícil", completou Barcellos, sublinhando a importância moral da atitude de Braga neste momento crítico.
O Compromisso Pessoal e a Lembrança de 2016
Abel Braga, por sua vez, ao tomar a palavra, detalhou as razões que o levaram a romper sua aposentadoria, oficializada em 2022, para reassumir o comando técnico do Internacional . Em uma reflexão sincera, o treinador revisitou um momento crucial de sua história com o clube, um ponto de inflexão que ressoa até hoje em sua memória.
"A gente tem sempre que tomar decisões, e muitos de vocês de repente não saibam que lá atrás (2016) tive que tomar uma decisão que não é a que eu tinha que tomar, mas eu agi com a razão, mas ficou uma marca no coração até hoje. Foi quando houve a troca de treinador (no ano do rebaixamento do Inter) e me chamaram para pegar o Inter naquele momento. Eu tinha plena convicção de que iria, e estava muito recente ainda tudo que eu conquistei com esse clube, e eu disse não. E o Inter caiu", revelou Abel, expondo a ferida de uma escolha passada.
A vinda agora, portanto, adquire um contorno de missão pessoal. "Eu espero poder apagar essa coisa que me incomoda aqui um pouquinho. Eu não tive culpa de nada, não vindo não tive culpa de nada, mas... por que eu vim agora? Porque eu acredito naquilo que tenho visto, falei para os jogadores 'vocês devem estar pensando que eu sou maluco'. Vocês sabem por que eu vim? Porque eu acredito. Uma equipe que faz o primeiro tempo como vocês fizeram contra o Santos não pode estar vivendo uma situação dessa, então ou vocês melhoram o anímico, o astral, a confiança, recuperam isso tudo em pouquíssimas horas para trazer aquilo que nós somos realmente, ou é impossível. Foi muito legal o que aconteceu hoje. Tenho muita convicção que não vai cair, mas o que foi muito legal foi que em momento nenhum eu mostrei vídeo, quadro negro, nada. Assimilação dos atletas àquilo que foi pedido me encantou. O termo é esse: me encantou. A gente está querendo que chegue logo o jogo, dá uma certa ansiedade para isso logo", prosseguiu, demonstrando uma crença inabalável no potencial do elenco.
O Diagnóstico do Vestiário e a Estratégia Imediata
Questionado sobre a percepção de um possível desentendimento interno no elenco , Abel Braga foi enfático ao negar qualquer "racha" no vestiário. Sua análise inicial aponta para um ambiente de união e receptividade, essencial para o desafio que se impõe nos próximos dois jogos.
"Eu não escutei de ninguém que o vestiário está rachado. Se eu chego aqui e vejo que o vestiário está rachado a dificuldade seria muito maior, mas o que eu senti aqui foi justamente o contrário, uma assimilação muito legal, jogadores sorrindo, um ou outro muito sério no momento da minha apresentação. Eu falei, pô, você está muito sério, fulano, sorri um pouquinho, você está preocupado com alguma coisa? O Richard (volante) por exemplo, jogou comigo no Fluminense, estava na última falei, eu perguntei: 'está aí por quê? está com medo de mim? Tem uma cadeira aqui na primeira fileira, vem pra cá, cara.' O negócio correu muito bem, uma descontração muito grande, foi muito bom", relatou o técnico, ilustrando a leveza e a boa comunicação que buscou estabelecer de imediato.
A abordagem de Abel para os dias decisivos foca na recuperação mental e tática, uma vez que a condição física não pode ser alterada a curto prazo. "A única coisa que não precisa agora é a parte física, porque eles não vão adquirir. Agora, a tática cada um tem sua maneira, seu jeito, o que eu quero, comecei a mostrar hoje. E claro, a parte mental nem eles conseguem entender muito bem, essa situação escalou muito. Eles sabem que deixaram passar muito tempo e chegar numa situação quase que irreversível, mas acreditamos e vamos lutar até o final."
Filosofia de Jogo e Perspectivas Futuras
No campo tático, Abel Braga delineou uma estratégia que busca a identidade do Internacional , mas com inteligência e adaptabilidade. "O Inter vai entrar em campo como Inter. Vai marcar alto, pressionar, jogar no ataque, mas não vamos jogar o tempo todo com a bola. Não adianta eu entrar pelo momento extremamente ofensivo. Eu estar um pouco mais resguardado não quer dizer que não vou atacar, que não quero ganhar. O que eu quero é ter mais opções para mudar se a coisa não estiver dentro do esperado", explicou, indicando uma postura ofensiva, porém com cautela.
Olhando para um horizonte mais distante, para além da missão imediata de 2023, Abel não descartou a possibilidade de uma permanência no Internacional em 2026, embora em uma função diferente. "É possível. Aqui tem um cara que a gente gostaria de trabalhar junto. Quem sabe... Vou ser muito sincero, a minha preocupação são esses poucos dias, mas eu penso que daria jogo, sabia? Se eu tivesse que ficar fora de campo aí com o D'Alessandro ... Mas é isso aí. O que vai acontecer na frente no futebol é impossível. No futebol é assim", ponderou, abrindo espaço para especulações sobre um papel de gestão ou coordenação.
O desafio de Abel Braga no comando técnico do Internacional se inicia oficialmente na próxima quarta-feira (3), quando a equipe visita o São Paulo na Vila Belmiro, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro. A situação na tabela é crítica, com o Colorado abrindo a zona de rebaixamento. Abaixo, a situação na tabela:
| Posição | Clube | Pontos | Saldo de Gols |
|---|---|---|---|
| 16º | Santos | 41 | Melhor |
| 17º | Internacional | 41 | Pior |
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