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Tinga 2005: Revelações Exclusivas Sobre o Brasileirão e a Máfia do Apito

Por Redação FutInter em 20/11/2025 11:21

Vinte anos após um dos mais controversos campeonatos brasileiros da história, o ex-volante Tinga revisita as cicatrizes deixadas pela edição de 2005. Aquela temporada permanece vívida na memória dos torcedores do Internacional, marcada por um escândalo que, para muitos, alterou o desfecho da disputa pelo título.

O Brasileirão daquele ano foi indelével pela "Máfia do Apito", um esquema de manipulação de resultados que culminou na anulação de onze confrontos. Tal medida, ao final, beneficiou o Corinthians, que se sagrou campeão com uma vantagem de três pontos sobre o Internacional . Uma análise dos placares originais, pré-anulação, revela um cenário distinto: o Colorado teria conquistado o troféu com um ponto a mais.

A percepção de Tinga sobre os acontecimentos é categórica, expressando uma convicção profunda sobre a integridade da competição. "Em 2005 o campeonato estava condenado e preparado para o Corinthians. Não sou eu quem estou falando. Tem escuta, um bando de coisas", cravou o ex-jogador em entrevista.

A Controvérsia que Ecoa: O Brasileirão de 2005 sob o Olhar de Tinga

Em 20 de novembro daquele ano, a polêmica atingiu seu ápice. Em um Pacaembu efervescente, Corinthians e Internacional se enfrentaram pela quadragésima rodada, com apenas mais dois jogos a serem disputados por cada equipe. Os paulistas detinham a liderança, com três pontos de vantagem sobre os gaúchos, então vice-líderes. A partida, que terminou em 1 a 1, com gols de Tevez para o Corinthians e Rafael Sobis para o Inter, seria eternizada por um lance decisivo.

Aos 28 minutos da etapa final, Tinga recebeu a bola dentro da área e foi derrubado pelo goleiro Fábio Costa. O pênalti, que parecia evidente para os colorados, foi ignorado pelo árbitro Márcio Rezende de Freitas. Não só a penalidade máxima não foi assinalada, como o volante recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso por suposta simulação, um momento que redefiniu o rumo do confronto e, possivelmente, do campeonato.

Recentemente, o documentário "Máfia do Apito", exibido no sportv e Globoplay, trouxe à tona novamente a controvérsia do Brasileirão de 2005. A produção reacendeu o debate e impulsionou um movimento dentro do clube gaúcho para buscar o reconhecimento como co-campeão daquela temporada. Contudo, a postura de Tinga em relação a essa iniciativa se revela bastante peculiar.

Silêncios e Desilusões: A Visão de Tinga Sobre o Documentário e a Justiça

Apesar da relevância do tema, Tinga optou por não participar do documentário e sequer o assistiu. Sua decisão é motivada por uma mágoa profunda em relação à conduta de Edilson Pereira de Carvalho, o árbitro central do esquema de corrupção. O ex-volante expressa um sentimento de abandono e desilusão.

Na hora que mais precisamos, ele não falou. Quando lutamos, ele sumiu. Está tudo certo. Ele é o personagem principal. O que falo, vi e escutei. Somos a série no dia a dia.

A persistência da discussão sobre o evento, mesmo após tanto tempo, não surpreende Tinga. Ele ironiza que, "se tivesse feito 10 gols naquele 20 de novembro, não seria tão notícia quanto o vermelho", referindo-se ao cartão que recebeu após o lance polêmico. O ex-volante não dissimula o ressentimento pelos episódios, ainda que de forma velada. Em sua análise, a conduta de Edilson Pereira de Carvalho ceifou o sonho de Tinga e seus companheiros, "condenando" o campeonato.

A palavra "condenado" adquire um peso específico na fala de Tinga, revelando a extensão da manipulação. "Condenado é quando se descobre que o árbitro estava contaminado, que tinha de fazer o combinado nos jogos que apitou para receber. Depois você começa a pensar se era só isso, se era só ele", questiona o ídolo colorado, sugerindo uma teia de irregularidades mais complexa.

A Busca por Reconhecimento: Campo vs. Tribunal na Perspectiva do Ídolo

Tinga acompanha, à distância, a empreitada do Internacional para ser reconhecido como campeão brasileiro de 2005, em conjunto com o Corinthians. Ele compreende a legitimidade da luta institucional. No entanto, sua perspectiva como ex-atleta difere ligeiramente da abordagem jurídica do clube.

A maioria dos jogadores como eu gostaria de ganhar na hora, levantar a taça, o bichinho ter entrado no bolso, comprado mais um apartamento para a família. Não queremos ser campeões desta forma. Queremos ganhar. O clube, pela grandeza que tem, faz sentido brigar na questão jurídica.

O ex-volante lamenta as perdas financeiras e de reconhecimento imediato que a situação acarretou. "Eu perdi um bichinho, né? Podia ter mais um terreninho, alguma coisinha com o que ganharíamos. Quem é do esporte quer ganhar no campo. As conquistas que tive vieram com trabalho. Nunca gostei de algo sem entrega", complementa Tinga, reforçando a primazia do mérito esportivo.

Apesar de sua preferência pela conquista no campo, Tinga revela que, caso o reconhecimento jurídico se concretize, seu espírito profissional cederá lugar ao coração do torcedor. Ele promete retaliar as brincadeiras dos torcedores adversários, especialmente os corintianos. Mais do que a taça, Tinga almeja uma premiação. "Se a parte jurídica brigar e ganhar, vou tirar onda também como tiram comigo. Só não podemos dar mais títulos a eles. É legítimo e cada colorado deve fazer o que pode. Os jogadores tiveram oportunidade em campo. Legal será se a CBF vier com prêmio. Tinha um bom à época."

Memórias Revisitadas: O Humor Subversivo e o Perdão Inesperado

Apesar de toda a revolta gerada pelo lance em 2005, o episódio já foi, inclusive, motivo de divertimento para Tinga, com Márcio Rezende de Freitas como personagem principal. Há dois anos, convidado para uma festa de Halloween, o ex-jogador usou a criatividade para uma fantasia inusitada. Tinga, que não é adepto de fantasias, teve a ideia de vestir sua esposa, Milene, como Márcio Rezende de Freitas, enquanto ele próprio se "fantasiou" de si mesmo, usando o uniforme do Inter e encarnando o "Nego Tinga", como era carinhosamente chamado pela torcida.

A anedota se estende à festa, onde Tinga pensou que, desta vez, a vitória seria garantida. "Cheguei à festa e o cara que ajeitava os carros disse que estava igual ao Tinga, até o cabelo." No entanto, o resultado foi outro. "Não é que nos assaltaram de novo! Fiquei em segundo! Brinquei que devia ser o Márcio Rezende ou Zveiter no comando. Até hoje na rede social todo mundo fala desta resenha. Foi bem bacana. No outro ano, recebi fotos no Halloween e Carnaval de Tinga e a mulher de árbitra. Virou fantasia de verdade", relata, com bom humor.

A brincadeira com a fantasia demonstra que Tinga não guardou rancor, apesar da decepção de 2005. Sete anos após o fatídico jogo, ele esteve frente a frente com o ex-árbitro. Na época, Márcio Rezende de Freitas atuava como comentarista de arbitragem na Globo Minas, e Tinga residia em Belo Horizonte, defendendo o Cruzeiro. A dupla frequentava o mesmo bairro e almoçava no restaurante Couve & Flor. Os horários, contudo, eram distintos, impedindo um reencontro casual. Tinga, então, decidiu pregar uma peça no antigo carrasco.

Ele se divertiu com os garçons, que frequentemente faziam piadas sobre a situação, e decidiu retribuir. "Brinquei com eles e disse para avisar que pegaria o Márcio. Falei sem dar risada. Um dia nos encontramos no aeroporto. Ele me viu e arregalou os olhos. Fui na direção dele e fechei a cara. Quando cheguei, comecei a rir, apertei a mão e o abracei", narra Tinga. O desfecho do encontro foi surpreendente.

Ele falou que tinham dito que eu queria pegá-lo, mas era só para abraçar e agradecer. Graças ao teu erro, sou campeão da Libertadores, meu time foi campeão do mundo. A injustiça só nos fortaleceu. Disse muito obrigado e rimos.

Entre Erros e Caráter: A Diferença Crucial entre Márcio Rezende e Edilson

A postura de Tinga no reencontro com Márcio Rezende de Freitas corrobora sua distinção entre os erros cometidos pelos árbitros. O documentário "Máfia do Apito" inclui depoimentos de ambos os árbitros. Márcio Rezende de Freitas aborda o lance polêmico em Corinthians x Inter e admite que estava mal posicionado, acreditando que Tinga havia se atirado. Ao rever o episódio e confrontar a imprensa após a partida no Pacaembu, ele reconheceu a magnitude de sua falha. Edilson Pereira de Carvalho, por sua vez, critica a decisão de Márcio, afirmando que ele "errou três vezes em um lance só: não deu o pênalti, não expulsou o Fábio Costa e ainda expulsou o Tinga".

No entanto, o ex-jogador do Internacional considera a atitude de Edilson, pivô da "Máfia do Apito", como muito mais grave. "Ele (Edilson) errou muito mais que o Márcio. O Márcio errou como eu errei vários passes, gols. O Edilson, não. Errou ao ganhar dinheiro. Não tem como comparar com alguém que está apitando. Foi de caráter", reforça Tinga, estabelecendo uma clara diferenciação ética.

A análise de Tinga sobre Edilson é contundente, mas também revela um certo senso de compaixão. "O Márcio errou tecnicamente. O Edilson foi muito pior, mas não estou aqui para condená-lo. Passou os perrengues dele. A vida já o assombrou. Já disse que não queria estar vivo. Espero que tenha melhorado e aprendido." É crucial ressaltar que a decisão de Márcio Rezende não faz parte da "Máfia do Apito", e o Internacional , em seu pleito, a classifica como um erro técnico, alinhando-se ao discurso de Tinga.

O Fantasma Recente: Por Que 2020 Supera 2005 em Indignação

Se Tinga lamenta a postura de Edilson e absolve Márcio Rezende no plano ético, sua indignação é ainda mais acentuada ao recordar o desfecho do Brasileirão de 2020. Naquela ocasião, o Internacional enfrentou o Corinthians na última rodada, com a possibilidade de conquistar o título. Com a derrota do Flamengo para o São Paulo por 2 a 1, bastava uma vitória simples dos gaúchos para levantar a taça. Contudo, o emblemático gol de Edenilson nos acréscimos, anulado por poucos centímetros, selou o empate em 0 a 0 e confirmou o título para os cariocas.

A partida, entretanto, foi palco de outros episódios controversos. Houve o pênalti reclamado em um corte de mão de Ramiro na área, após cruzamento de Moisés. O árbitro Wilton Pereira Sampaio assinalou a penalidade em campo, mas reverteu a decisão após revisão no VAR. No final do jogo, Abel Hernández dividiu com Cássio, e a bola sobrou para Lucas Ribeiro, que marcou. O árbitro assinalou falta no goleiro do Corinthians, outro lance que gerou veementes reclamações por parte do Internacional .

Tinga acompanhou a partida em Florianópolis, onde estava para uma palestra. As decisões da arbitragem de 2020 geram desconforto até hoje. "O Brasileirão de 2020, o pênalti do Ramiro, que depois o árbitro mandou voltar atrás, acho gravíssimo. Mas sempre lembram de 2005 porque teve a questão dos 11 jogos (anulados) e teve aquela repercussão na minha expulsão", pondera Tinga, comparando os dois momentos.

Sua crítica ao uso do VAR é incisiva, expressando uma preferência pela falha humana em detrimento do erro tecnológico. "Aceito muito mais o erro do árbitro sozinho do que cinco pessoas no ar-condicionado, que podem olhar lá e cá. Cada um com uma tela de 40 polegadas. Ainda deram uma falta não sei como do Abel Hernández. Não tem como aceitar." Assim como o Internacional , o ex-volante aguarda por uma decisão sobre o pleito colorado, caso ela venha. Enquanto isso, Tinga torce para que o time do coração conquiste os três pontos diante do Ceará, buscando amenizar o risco de rebaixamento e, quem sabe, transformar o triste 20 de novembro no início de uma reação.

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Sérgio

Sérgio

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Comentado em 20/11/2025 15:40 Se for debater, vamos com fé mlk, Inter é gigante e vamos buscar essa taça, com raça
Igor

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Comentado em 20/11/2025 13:30 Vamos, Inter, a história não para de lutar rs
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