Retorno de Oscar ao São Paulo: Uma Reconciliação Após Conturbada Partida

O Conturbado Desligamento e a Reconciliação

Oscar está de volta ao São Paulo, 14 anos depois de uma saída turbulenta que o afastou do clube. Formado em Cotia, o meio-campista era considerado uma grande promessa, mas sua saída para o Internacional, em junho de 2010, foi marcada por disputas judiciais e alegações de problemas contratuais.

Em uma entrevista concedida ao canal Desimpedidos no ano passado, o jogador compartilhou os momentos que antecederam seu rompimento com o Tricolor. Segundo ele, as tentativas de ajustar seu contrato foram infrutíferas, culminando na ação judicial. "Minha visão é uma visão triste. Eu era a maior promessa, o Juvenal (Juvêncio, ex-presidente) me adorava, o Muricy (Ramalho, ex-técnico) me gostava, então o destaque que tive no Inter tinha tudo para ter vivido no São Paulo, mas infelizmente foi meio chato", relembrou.

Oscar expressou sua frustração com a situação, afirmando que não era sua intenção deixar o São Paulo. "O pessoal fala: 'o São Paulo te criou e você saiu'. Não foi isso. Foi um contrato que não estava batendo, estava errado, meu empresário e eu ficamos um ano falando: 'Está errado'. Teve uma hora que meu empresário falou: 'Se vocês não arrumarem, ele vai sair'. E o São Paulo dizia que estava tudo certo. Eu não queria sair. Eu falava: 'Dá um jeito, fala com eles, acerta o que está errado'. E não acertava, e acabou assim", disse o jogador.

A Busca por Novos Horizontes e a Volta ao Lar

O destino de Oscar poderia ter sido o Benfica, mas uma liminar impediu sua transferência para um time estrangeiro, levando-o ao Internacional . "Eu tive uma oportunidade de ir para o Benfica, mas perdi uma liminar que determinou que eu não podia sair para um time de fora do Brasil, aí fui para o Inter. Mas não foi uma coisa que eu não queria mais jogar pelo São Paulo", explicou. Apesar disso, o jogador ressaltou seu carinho pelo clube, afirmando: "Eu sou são-paulino, fui criado em Cotia, morei na Barra Funda, mas foi uma coisa que não deu, era pouca coisa e que acabou criando uma chance de eu sair do São Paulo."

Sua passagem pelo São Paulo foi breve, com apenas 14 jogos, sendo um em 2008 e 13 em 2009, sem marcar gols, mas com duas assistências. Oscar expressou sua decepção por não ter atingido seu potencial máximo no clube. "Pra mim foi muito difícil. Eu era são-paulino, meu pai que já é falecido era são-paulino. Eu tinha o sonho: preciso jogar no São Paulo. Fui criado ali, vi o São Paulo sendo campeão da Libertadores no Morumbi, era um sonho de jogar, mas teve essas coisas que infelizmente não deu certo".

Oscar também mencionou a burocracia contratual como um fator determinante para sua saída. "Não só jogar, eu cheguei a jogar, mas ser o que eu fui no Inter e no Chelsea, eu queria ter sido no São Paulo. eu sou são-paulino, é legal, mas tem aquela coisa burocrática de contrato e não deu certo", completou.

Disputas Judiciais e a Resolução do Caso

A contenda judicial entre Oscar e o São Paulo teve início em 18 de dezembro de 2009, quando o jogador, então com 18 anos, alegou ter sido coagido a assinar um contrato de cinco anos quando tinha 16, o que era proibido pela FIFA. O clube alegava que Oscar havia se emancipado, o que justificaria o contrato mais longo. Além disso, o atleta reclamava de salários e FGTS atrasados. Inicialmente, Oscar obteve uma liminar favorável, que foi posteriormente cassada pelo São Paulo.

Após seis meses de disputas e tentativas de acordo, Oscar conseguiu sua liberação e assinou com o Internacional , em junho de 2010. O clube gaúcho adquiriu 50% dos seus direitos federativos por 3 milhões de euros. No entanto, a disputa não cessou por completo. O São Paulo entrou com outras ações até que, em fevereiro de 2012, uma decisão judicial restabeleceu o vínculo do atleta com o clube paulista.

Acordo Financeiro e o Retorno de Oscar

Diante da nova reviravolta judicial, o Internacional se mobilizou para resolver a questão. O clube gaúcho fez duas propostas ao São Paulo: R$ 8 milhões mais 10% dos direitos econômicos ou R$ 10 milhões pela cessão de 100% dos direitos. O São Paulo, por sua vez, estipulou o passe do atleta em R$ 17 milhões. Após muitas negociações, Oscar conseguiu um habeas corpus para voltar a jogar e, em uma nova audiência de conciliação, chegou-se ao valor de R$ 15 milhões para encerrar a disputa.

O valor final correspondia à multa rescisória do contrato de Oscar, acrescida de juros e de uma indenização por perdas e danos durante o período do litígio. Agora, com o retorno ao São Paulo, Oscar tem a oportunidade de escrever um novo capítulo em sua história com o clube, buscando alcançar o sucesso que almejava desde sua formação em Cotia.