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Jiu-Jitsu do Internacional: A Superação da Ansiedade Através do Projeto Social da Feci
Por Redação FutInter em 01/08/2025 11:11
A trajetória de Priscila Stechechen, que aos 13 anos ingressou na Fundação de Esporte e Cultura do Sport Club Internacional (Feci) em meados de 2023, reflete um notável processo de transformação pessoal. Inicialmente, sua relação com o esporte era praticamente inexistente, e suas interações sociais, tanto no ambiente familiar quanto escolar, eram limitadas. A ansiedade impunha-lhe barreiras significativas, tornando-a uma figura antissocial.
Contudo, a oportunidade de participar da oficina de jiu-jitsu, oferecida pela academia do professor Régis Silva no âmbito do projeto, revelou-se um divisor de águas. A energia, antes contida e geradora de inquietação, encontrou um canal de vazão na disciplina da luta. A adrenalina inerente ao esporte, que em outros contextos poderia exacerbar seus sentimentos, foi ali canalizada de forma construtiva.
O professor Régis, observando o engajamento da jovem, reconheceu seu potencial. Em suas palavras, a dedicação de Priscila ao jiu-jitsu era inegável. Essa percepção impulsionou a decisão de conceder-lhe uma bolsa em sua academia, permitindo a continuidade e o aprimoramento dos treinamentos. A partir daí, a ascensão foi gradual, mas constante, com a participação em campeonatos de nível citadino e estadual, culminando na qualificação para uma competição de maior envergadura: o Campeonato Brasileiro.
A Jornada Rumo ao Campeonato Nacional e a Resposta à Adversidade
A perspectiva de competir no Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu, em São Paulo, no mês de maio, trouxe consigo um novo desafio: a ausência de recursos financeiros para custear a viagem. Diante dessa barreira, Priscila demonstrou uma notável iniciativa e resiliência. Em vez de desistir, ela buscou uma solução prática e direta: a venda de paçocas nas ruas, um esforço pessoal para viabilizar sua participação no torneio.
O empenho fora do tatame foi recompensado com o brilho dourado da vitória. O título nacional, conquistado com mérito, adicionou-se ao seu pescoço, acompanhado de um impressionante conjunto de outras vinte medalhas. Este triunfo não foi apenas uma vitória esportiva, mas a concretização do propósito fundamental da Feci: proporcionar novas perspectivas de vida e oportunidades de desenvolvimento.
A própria Priscila, agora aos 16 anos, descreve a profundidade de sua transformação. Ela relata como o jiu-jitsu se tornou uma ferramenta essencial para gerenciar a ansiedade, que antes a privava do sono e a levava a ambientes de risco. "? Eu não conseguia dormir. Ficava na rua, onde tinha droga, essas coisas, enfim. Controla a minha ansiedade, me deixa melhor. Não tinha tanta ligação com minha família porque era mais fechada, bem antissocial, odiava esporte. Hoje eu amo, sinto mais ligação com as pessoas. Agora sou boa na escola por causa do jiu-jitsu ?", testemunha a jovem atleta, evidenciando a interconexão entre o esporte, o bem-estar mental e o desempenho acadêmico.
O Legado da Feci: Meio Século de Transformação Social
A história de Priscila é um testemunho vívido do impacto da Fundação de Esporte e Cultura do Sport Club Internacional (Feci), uma entidade que, em 2026, celebrará meio século de existência. Desde sua fundação em 1976, a Feci tem se dedicado a ser um pilar de apoio para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, visando a construção de um futuro mais promissor.
Com sede estrategicamente localizada sob as arquibancadas do Gigantinho, a Feci estende seu alcance a moradores de bairros adjacentes ao Estádio Beira-Rio, como Cristal e Santa Tereza. Suas instalações abrigam salas de aula para atividades no turno inverso ao escolar e uma diversidade de oficinas, que incluem futebol de mesa, esgrima, jiu-jitsu e capoeira, todas oferecidas através do projeto Interagir, instituído em 2007.
Além do Interagir, a fundação mantém o Interabilita, criado em 2009, que atualmente atende 36 jovens com dificuldades motoras, neuromotoras ou diversas síndromes. Todos esses serviços são disponibilizados gratuitamente, fruto de parcerias com clubes sociais, federações esportivas, profissionais autônomos, voluntários e o poder público. Embora o Sport Club Internacional seja o principal mantenedor, a continuidade das operações da Feci ao longo do ano depende substancialmente de doações. A coordenadora administrativa, Ana Cristina Costa, expressa o orgulho e a visão da entidade: "? Nós os vemos como pertencentes da sociedade, como crianças que podem, sim, ter perspectiva de futuro, um futuro melhor. Que elas podem ter uma vida longa, ser vistas pelo meio social. Esse é o nosso ponto focal aqui ?".
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