As Chaves do Sucesso: A Incrível Virada do Internacional

A Reviravolta Colorada: Da Zona de Rebaixamento à Luta pelo Título

A três jornadas do encerramento do Brasileirão, o Internacional nutre a expectativa de erguer a taça do tetracampeonato. A situação é complexa, porém, mantendo o ritmo e com uma improvável combinação de resultados, a torcida poderá continuar agarrada à calculadora e à tabela de classificação.

Esse sonho audacioso se alimenta de uma impressionante sequência de 16 jogos sem derrotas. O comandante Roger Machado liderou essa ascensão com uma estratégia bem definida e uma execução precisa, maximizando o potencial de seus atletas.

Em 18 de agosto, exatamente 100 dias antes, o Colorado sofreu uma derrota para o Atlético-GO por 1 a 0 em Goiânia. Era a sétima partida do treinador à frente do time e o retrospecto até então era preocupante: apenas uma vitória, quatro empates e duas derrotas em jogos do Brasileirão e da Sul-Americana.

Na competição nacional, os gaúchos ocupavam a 13ª posição com 25 pontos, apenas três a mais que o Corinthians, então na 17ª posição e na zona de rebaixamento. O Botafogo liderava com 46 pontos. Um cenário que causava apreensão e frustração nos torcedores, cansados de mais uma temporada decepcionante.

A Força da Estratégia: Modelo de Jogo e Trabalho Tático

Um dos pilares dessa transformação reside no modelo de jogo. O treinador costuma afirmar: "se estiver em dificuldade, se apegue ao modelo". Roger conquistou a confiança do grupo, que abraçou sua filosofia.

O Inter atua num 4-1-3-2, com marcação alta para pressionar a saída de bola do adversário, valorizando a posse e a troca de passes para construir as jogadas ofensivas. O repertório tático é vasto, com opções pelos lados do campo, utilizando um jogador extra na ponta para driblar a marcação, ou pelo meio.

Roger chegou ao Inter com o time já eliminado da Copa do Brasil e da Sul-Americana, podendo focar exclusivamente no Brasileirão. Isso proporcionou tempo precioso para treinos, enquanto o preparador físico Paulo Paixão trabalhava na parte física dos atletas. As datas FIFA foram aproveitadas para ajustar o plano tático, corrigir falhas e aprimorar os pontos fortes.

?Penso que usei muito do material deixado pelo treinador anterior que pude queimar etapas, mas coloquei uma forma diferente de jogar. A estrutura é parecida. Os jogadores são talentosos e com um entendimento rápido. As paradas da data Fifa permitem que você trabalhe. Não tem como colocar princípio de jogo sem treinar. Para cada princípio aparecer, você precisa uma média de seis a 10 trabalhos?, avalia Roger.

Os Heróis da Invencibilidade: Destaques Individuais e Coletivos

O sucesso de Roger também se deve às apostas certeiras em Bruno Gomes e Bernabei. A dupla, já utilizada anteriormente, explodiu durante a sequência invicta. Bruno Gomes recebeu o apelido de "Cafu Gomes", enquanto Bernabei se tornou uma arma ofensiva crucial.

A equipe explora a capacidade de Bernabei no apoio, frequentemente criando jogadas com Wesley e até mesmo chegando à área para finalizar.

O trio Alan Patrick, Wesley e Borré liderou a recuperação ofensiva. Na sequência invicta, o time marcou 33 gols, com 19 deles marcados por esses três jogadores (57% do total). Apenas nos empates (0 a 0 com o Cruzeiro, 2 a 2 com o Corinthians e 1 a 1 com o Flamengo) um deles não marcou.

Alan Patrick e Borré marcaram sete gols cada, enquanto Wesley balançou as redes cinco vezes. O capitão colorado se recuperou de uma lesão no joelho e voltou a ser protagonista, com liberdade para organizar as jogadas e finalizar.

Mudanças na Gestão: Novo Departamento de Futebol e seu Impacto

O Internacional reformulou seu departamento de futebol. Em agosto, Alessandro Barcellos nomeou José Olavo Bisol como vice-presidente de futebol. Após a derrota para o Atlético-GO, André Mazzuco assumiu como executivo e D?Alessandro como diretor esportivo.

Bisol lidera as ações e reporta ao conselho de gestão, enquanto Mazzuco cuida da parte técnica. D?Alessandro aproxima o vestiário da diretoria, motivando e orientando o grupo e mantendo proximidade com o treinador. A nova formação entrou em cena justamente no início da sequência invicta, sem conhecer derrotas.

A sequência invicta do Inter: 16 partidas, 12 vitórias, 4 empates, 33 gols pró, 11 gols contra, 83% de aproveitamento e 100 dias sem perder.

Em suma, a reviravolta colorada é resultado de uma combinação de fatores: um modelo de jogo bem definido e executado, o aproveitamento do tempo para treinos, o destaque individual de alguns jogadores e as mudanças positivas na gestão do clube. Será que essa trajetória culminará em um título? Só o tempo dirá.