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Enner Valencia no Inter: A História de um Amor Não Correspondido
Por Redação FutInter em 11/09/2025 05:21
A saída de Enner Valencia do Internacional representa o encerramento de uma jornada que, embora iniciada sob um manto de grande esperança, culmina de forma desapontadora. A paixão e a reverência que o torcedor colorado almejava nutrir pelo atacante equatoriano simplesmente não floresceram, em grande parte, por responsabilidade do próprio atleta.
O principal goleador da história da seleção do Equador desembarcou em Porto Alegre em meados de 2023, num momento em que, do outro lado da cidade, uma figura proeminente brilhava no arquirrival: Luis Suárez. A resposta mais contundente por parte do Internacional seria a conquista da Libertadores, e Valencia era percebido como a peça fundamental para transformar essa aspiração em realidade.
Enner foi recebido com pompa e entusiasmo no aeroporto, e sua apresentação ocorreu em um evento grandioso no Gigantinho. Ele vinha de sua melhor temporada em termos de desempenho numérico, com 33 gols em 48 partidas pelo Fenerbahçe, além de ter balançado as redes na Copa do Catar. As expectativas eram, sem dúvida, imensas, e ele as justificou nos primeiros momentos.
A Promessa Que Não Se Cumpriu: O Início e a Queda
Os gols na Libertadores foram cruciais. Seu cartão de visitas contra o River Plate, em Núñez, com a vaga garantida num embate épico no Beira-Rio, e os três tentos sobre o Bolívar, nas quartas de final, acenderam a chama da esperança. Contudo, o sonho do tricampeonato sul-americano desmoronou tendo o próprio jogador como um dos protagonistas negativos. Os gols desperdiçados diante do Fluminense ficaram e permanecerão gravados na memória coletiva, marcando, inegavelmente, o início de sua oscilação.
Apesar de ter encerrado o ano de 2023 com números razoáveis ? 13 gols em 28 jogos ?, a verdade é que o camisa 13 nunca mais exibiu o mesmo brilho inicial. A chegada de Rafael Borré em 2024 alimentou a fantasia de uma dupla de ataque de nível internacional, mas essa expectativa jamais se concretizou. O ano subsequente de Enner foi, infelizmente, pontuado por momentos desfavoráveis.
A tabela a seguir ilustra a disparidade entre seu desempenho anterior e o período inicial no Internacional :
Período | Clube/Seleção | Jogos | Gols | Média |
---|---|---|---|---|
Temporada 2022/2023 | Fenerbahçe | 48 | 33 | 0.69 |
2023 (Pós-Inter) | Internacional | 28 | 13 | 0.46 |

O Declínio e a Frustração Crescente
O Equador poderia ter superado a Argentina nas Eliminatórias da Copa América, mas ele perdeu um pênalti decisivo. Em seu retorno ao Brasil, foi alvo da fúria de um torcedor em partida contra o Juventude, que resultou na eliminação da Copa do Brasil. Valencia poderia ter sido agredido em pleno gramado, por um colorado, em um episódio que sublinhou a tensão com a torcida.
O torcedor do Inter sonha em idolatrar o Valencia, mas ele não deixa
Um último sopro de esperança surgiu no Campeonato Gaúcho deste ano. Protagonista, Valencia retomou a titularidade durante a campanha do título, coroada com um golaço de falta no Gre-Nal decisivo, no Beira-Rio. Aliás, nos sete clássicos que disputou, manteve-se invicto, com quatro vitórias e três empates.
Entre o Brilho Efêmero e a Inconstância
No entanto, a melhor versão de Valencia permaneceu novamente no campo da imaginação. Não por falta de tentativas táticas: jogou como referência, com um parceiro (como Borré), com Alan Patrick mais próximo, com pontas pelos lados. As variações táticas foram inúmeras, mas o desempenho, de fato, ficou muito aquém do esperado, de maneira geral.
Foram várias as ocasiões em que foi vaiado no Beira-Rio. Talvez uma impaciência excessiva da torcida, diferente do que se observa com Borré, por exemplo ? um jogador caro que também entrega pouco. Talvez o fantasma do Fluminense tenha ressurgido, ou talvez os inúmeros momentos em que Valencia parecia apenas caminhar em campo, alheio e sem motivação, tenham esgotado a paciência.
Esse desânimo é o mesmo que cada colorado deve ter sentido ao depositar fé no que Valencia poderia ter sido. Um dos atacantes mais talentosos a pisar no Beira-Rio esteve muito distante daquele que brilha nos gramados equatorianos, onde é reverenciado por seu povo ? carinhosamente apelidado de Superman ou ?Cabra?, do inglês GOAT (sigla para ?maior de todos os tempos?).
A derradeira imagem de Valencia no Beira-Rio foi igualmente emblemática. Contra o Fortaleza, foi acionado do banco e recebeu o apoio dos poucos presentes, naquele que foi o pior público da equipe em 2025. Contudo, logo voltou a exibir dificuldades com a bola, gerando murmúrios nas arquibancadas.
Esse é o retrato do torcedor que, provavelmente, perdeu a esperança no centroavante. Aquele que chegou com festa e causou êxtase com o sonho da Libertadores, mas que transformou a expectativa em melancolia com gols perdidos e um perfil cabisbaixo. A oficialização de sua saída deve ocorrer em breve. Todo o amor e a idolatria que Enner Valencia poderia ter recebido em Porto Alegre ficaram no quase.
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