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CBF se esquiva: O impasse do reconhecimento do título do Inter em 2005
Por Redação FutInter em 31/10/2025 12:42
A recente iniciativa do Sport Club Internacional de pleitear o reconhecimento como campeão do Campeonato Brasileiro de 2005, em conjunto com o Corinthians, reacendeu um debate profundo sobre a integridade do futebol nacional. Diante dessa movimentação, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, em entrevista ao jornalista Duda Garbi, esclareceu a posição da entidade, classificando o tema como uma "questão jurídica" e distante de sua alçada decisória.
A discussão ganhou novo fôlego após a veiculação do documentário "Máfia do Apito", exibido pelo Sportv. A produção revisitou o escândalo de arbitragem que marcou aquela edição do torneio, com a anulação de onze partidas que tiveram o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho como protagonista. As revelações contidas no material, especialmente a admissão de Edilson sobre sua influência na disputa pelo título entre Inter e Corinthians, tiveram um impacto significativo no cenário esportivo e motivaram o clube gaúcho a intensificar seus esforços nos bastidores para ser igualmente laureado.
O Posicionamento da CBF e o Cenário Jurídico
O dirigente máximo da CBF revelou que o assunto foi pauta em um encontro recente com o presidente colorado, Alessandro Barcellos, durante a visita da delegação gaúcha à sede da confederação, localizada no Rio de Janeiro. Segundo Samir Xaud, a posição transmitida ao representante do Internacional foi clara e sem margem para interpretações ambíguas.
? Bem, isso é uma questão mais jurídica, que a CBF não tem o poder de se manifestar nesse momento. Mas recebemos o presidente do Inter lá na CBF, como todos os presidentes também vão nos visitar. E ele também falou nesse assunto conosco. O que eu falei para ele é que isso é uma questão jurídica e que a gente não tem como optar e como validar ou fazer alguma coisa nesse momento. Fica a critério do STJD, de todo esse imbróglio que tem de muitos anos. E na verdade voltou à tona por conta de um relato de um ex-profissional no futebol ? disse o presidente da CBF.
A declaração de Xaud sublinha a complexidade do caso e a limitação da CBF em intervir diretamente em uma matéria que, por sua natureza, transcende o âmbito administrativo e se insere no campo do direito esportivo. A bola, metaforicamente, é passada para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que historicamente lida com as controvérsias mais sensíveis do futebol brasileiro.
A "Máfia do Apito" e a Reconfiguração da Tabela
Para compreender a profundidade da reivindicação colorada, é crucial revisitar os eventos que alteraram o desfecho do Brasileirão de 2005. O Corinthians sagrou-se campeão com uma vantagem de três pontos sobre o Internacional , que terminou a competição na segunda colocação. Contudo, a anulação e posterior remarcação de jogos operou uma significativa reconfiguração na pontuação de ambos os clubes, impactando diretamente o resultado final.
O Internacional teve um de seus jogos anulados e, ao repeti-lo, conseguiu novamente uma vitória por 3 a 2 sobre o Coritiba, mantendo sua pontuação original para aquele confronto. O Corinthians, por sua vez, havia perdido as duas partidas que foram posteriormente anuladas. Nos novos confrontos, a equipe paulista obteve um triunfo sobre o Santos e um empate com o São Paulo, adicionando quatro pontos à sua campanha e consolidando a diferença em relação ao rival gaúcho. A tabela a seguir ilustra o impacto das repetições:
| Clube | Jogos Anulados | Resultado Original | Resultado Repetição | Pontos Ganhos (Repetição) |
|---|---|---|---|---|
| Internacional | 1 | Vitória (vs. Coritiba) | Vitória (3x2 vs. Coritiba) | 0 (manteve vitória) |
| Corinthians | 2 | Derrotas | Vitória (vs. Santos) e Empate (vs. São Paulo) | 4 |
A discussão sobre o título de 2005, catalisada pelo documentário e pela postura do Internacional , transcende a mera disputa esportiva. Ela convoca uma reflexão sobre a justiça no esporte e o legado de decisões que, à época, foram tomadas em um ambiente de profunda controvérsia. A CBF, ao se posicionar como observadora jurídica, reitera a complexidade de um passado que, para alguns, ainda exige reparação.
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