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Alemão (Ex-Inter) Artilheiro Guia Real Oviedo ao Acesso Após 24 Anos: História de Superação

Por Redação FutInter em 02/07/2025 19:51

A presente temporada do futebol europeu brindou os aficionados com uma das narrativas mais inspiradoras, protagonizada pelo Real Oviedo. O clube asturiano, que por pouco não sucumbiu à ruína financeira, garantiu seu retorno à primeira divisão espanhola. Essa jornada épica foi marcada pela liderança do lendário Santi Cazorla e, notavelmente, pelo desempenho decisivo de Alemão, o centroavante com passagem pelo Internacional, que encerrou a campanha como principal goleador da equipe.

O próprio atleta expressou a magnitude do feito, revelando uma profunda emoção:

"Foi um momento histórico, me arrepio só de falar sobre o que eu vivi, o que os jogadores viveram no Real Oviedo durante esses dois últimos anos"

A Ressurgência de Um Gigante Asturiano

A ascensão do Oviedo é ainda mais notável quando se revisita sua rica, porém conturbada, história. Fundado em 1913 e ostentando o nome de sua cidade-sede, o clube já desfilou pela Liga Europa e participou de 39 edições da elite espanhola. Contudo, desde 2002, a agremiação estava afastada da principal vitrine do futebol ibérico. Naquele período, uma severa dificuldade econômica precipitou sua queda para o quarto nível do futebol nacional.

Ao longo de um quarto de século, que culminou no recente retorno, a instituição beirou a bancarrota, sendo salva inclusive por doações fervorosas de sua apaixonada torcida. O anseio pelo acesso foi sentido de perto por Alemão , que experimentou tanto a desilusão quanto o triunfo em sua plenitude, especialmente após a frustração da temporada anterior.

A Jornada de Alemão: Da Frustração à Artilharia

Na campanha anterior, o Oviedo havia alcançado a etapa final dos playoffs de acesso. Embora tenha superado o Espanyol no jogo de ida e iniciado a volta com vantagem, a equipe sofreu uma reviravolta dolorosa, culminando na perda da oportunidade. Esse revés foi particularmente impactante para Alemão , que havia sido decisivo, balançando as redes tanto na semifinal quanto na própria decisão.

O próprio atacante, ao rememorar o ocorrido, não escondeu a angústia:

"- Foi duro, doeu bastante e por muitos dias. Minha chegada na Espanha foi difícil, pela adaptação, mas no fim da temporada tive um desempenho melhor, por isso me doeu (não subir). Foi a primeira vez que cheguei tão perto de conquistar algo grande e sendo importante, mas não conseguimos."

Apesar do desfecho amargo na temporada anterior, o período de adaptação do atacante se revelou crucial. Na campanha de 2024/2025, Alemão demonstrou um início fulgurante, disputando a artilharia da Segunda Divisão por grande parte do certame. Ele concluiu a temporada como o principal goleador do elenco, com 14 tentos em 44 aparições, além de contribuir com quatro passes para gol.

O Sabor da Virada e a Explosão da Torcida

Embora Alemão não tenha balançado as redes nas rodadas derradeiras do campeonato, o Oviedo consumou o tão almejado acesso com uma virada sobre o Mirandés, atuando em seus domínios. O atacante, com a autoridade de quem viveu o processo, detalha o sofrimento que precedeu a explosão de alegria.

"- Eram 24 anos de espera. O clube quase deixou de existir, esteve para mudar de nome, passou por muitos desafios nesse período. Os rivais pisaram muito, e a torcida sofreu. Sou muito abençoado por ter vivido isso. Momento especial, algo histórico, maravilhoso de viver."

A celebração do acesso, testemunhada por uma invasão massiva de grande parte dos 30 mil entusiastas presentes no Estádio Carlos Tartieri, desdobrou-se em duas grandes festividades pelas vias de Oviedo. Alemão participou ativamente de todas elas, e até mesmo Fernando Alonso, renomado piloto de Fórmula 1, marcou presença na comemoração dentro do estádio, sublinhando a dimensão do evento.

O atacante descreveu a efervescência do momento:

"- Foi um grito de celebração que estava preso. No telão falava para não invadir, mas não teve como (risos). A torcida invadiu, fez a festa com a gente, levantou os atletas. Foi uma emoção tremenda, porque tinha mais gente no campo do que na arquibancada. Foi até difícil sair do estádio. A festa foi muito demorada."

A excentricidade da festa foi pontuada por momentos inusitados, como relatado pelo próprio jogador:

"O Fernando Alonso estava no estádio, tinha todo tipo de gente. Algo que passou na celebração é que um torcedor bem grande me levantou na celebração, ficou uns dois minutos comigo, depois me abaixou e falou que eu era muito pesado (risos)."

A Odisseia da Celebração e o Legado de Cazorla

A euforia do acesso desencadeou uma odisseia de celebrações que se estendeu por dias. Alemão descreveu a dimensão da festividade:

"- Com certeza eles estão comemorando até hoje o acesso. A gente ficou duas horas no estádio, havia dois ônibus esperando a gente e nossa família. O estádio fica em um morro, no meio da cidade, e na descida já tinha muito torcedor acompanhando a gente até chegar a uma via principal de Oviedo. Um cruzamento foi fechado, com gente por todos os lados, e ficamos até por volta das quatro da manhã, com o jogo tendo terminado às 23h. Depois fomos para uma festa privada, chegamos em casa às nove da manhã e dormimos só até 13h. Fomos para a principal rua do Centro, estava tudo organizado. Chegamos lá com uma multidão, com mais gente do que havia depois do jogo. Fizemos essa festa, depois tivemos um jantar com o pessoal do administrativo. Lá na Astúrias tem o santuário de Covadonga, onde sempre vamos na pré-temporada pedir as bênçãos, e alguns jogadores voltaram após a comemoração para agradecer pelo acesso."

O sabor da virada, um ano após a amarga frustração, foi ainda mais doce. O atacante ressaltou a unidade do elenco na conquista:

"- Algo histórico, maravilhoso de se viver. Perdemos o primeiro jogo, como aconteceu com a gente na temporada anterior. Devolvemos na mesma moeda, apesar de ser um adversário diferente. Virar o jogo em casa, depois de perder o primeiro jogo e ainda sair atrás no segundo... conseguimos a virada com um grupo muito bom de se trabalhar, com todos os atletas unidos. Todos os jogadores sempre pensando positivo, jogando para cima, mirando o objetivo, e nós conseguimos chegar lá."

A presença de Santi Cazorla, bicampeão europeu com a seleção espanhola, transcendeu o campo. Sua influência foi fundamental para o êxito do Oviedo:

"- Já era um ídolo antes mesmo de estrear profissionalmente no Real Oviedo. Os torcedores sempre esperaram que talvez ele voltasse ao clube, de onde ele saiu da base. Foi algo importante, porque ele move muita gente. Sendo da região e torcedor do clube, os torcedores se embalaram mais, acreditaram que a gente ia conseguir. Abriu mão de muita coisa economicamente. Ele não precisava mais, mas ele falou no palco que foi a maior conquista da história dele. Para você ver o peso que tem para ele. Mas não é só isso. Foi um cara importante também dentro de campo, com um qualidade gigante, chutando com as duas pernas, qualidade com a bola e liderança. Nos passa muitas histórias boas, dos tempos da seleção, e tem um coração enorme."

A Jornada Pessoal: Inter, Adaptação e Triunfo na Espanha

A decisão de deixar o Internacional , clube pelo qual tem apreço como torcedor, foi motivada por um imperativo de carreira. Alemão detalhou a conjuntura de sua saída:

"- Quando eu estava no Inter, eu não queria sair, por ser torcedor, mas era algo necessário para o planejamento de carreira. Eu comecei sem jogar muito em 2023, depois chegou logo o Enner Valencia, e eu seria o terceiro centroavante. Eu precisava sair para continuar me desenvolvendo. Foi maravilhoso o tempo no Inter, mas tive a oportunidade de chegar ao Oviedo."

A transição para o futebol europeu, especificamente a Segunda Divisão espanhola, apresentou seus desafios. Alemão ponderou sobre o processo de adaptação:

"- Foi difícil a adaptação à segunda divisão espanhola, que é muito forte fisicamente e tecnicamente. Jogadores muito fortes, com árbitros apitando bem menos as faltinhas, como falamos no Brasil. Tive que me adaptar. Este ano nos reerguemos, perseveramos, e eu consegui ser artilheiro do clube, ajudei com quatro assistências e fiz bons jogos também sem marcar gols. Consegui ser uma peça-chave no acesso. Foi uma temporada maravilhosa, fechada da melhor forma. Tenho história para contar, estava buscando essa primeira conquista, algo que eu queria muito com o Inter, também por ser torcedor."

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