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Abel Braga: Análise Profunda de Inter x Flamengo na Libertadores
Por Redação FutInter em 13/08/2025 05:12
A iminência de um novo embate pela Conmebol Libertadores entre Internacional e Flamengo, marcado para as oitavas de final, reacende debates sobre o desempenho das equipes. Uma voz de autoridade, com raízes profundas em ambos os clubes, emerge para oferecer uma perspectiva singular: Abel Braga. O técnico, que conduziu o Colorado à glória continental em 2006 e teve passagens pelo Rubro-Negro, avalia o confronto como um espelho da paridade atual no cenário futebolístico.
Abel, figura lendária para a torcida colorada, encontra-se afastado da beira do campo desde o final de 2022, mas seu olhar perspicaz permanece afiado. Próximo de completar 73 anos, o desejo de retornar ao ambiente de um clube, embora em uma função diretiva ? como a que exerceu no Vasco em 2023 ? ainda pulsa. Recentemente, recusou uma proposta para atuar como consultor técnico em uma SAF, preferindo manter-se à margem, mas sempre atento ao jogo.
Foi em seu escritório, ao lado do filho Fábio, que o ex-treinador compartilhou suas impressões sobre o duelo que se avizinha no Maracanã. Sua análise é direta, desprovida de rodeios, e aponta para um cenário de equilíbrio que poucos observadores ousariam prever.
O Equilíbrio Inesperado de Gigantes
A expectativa em torno de um confronto entre Flamengo e Internacional naturalmente sugere um embate de titãs. Contudo, na visão de Abel Braga, a realidade aponta para uma disputa onde os holofotes do favoritismo não encontram um lar definido. O técnico, com sua vasta experiência em ambos os lados, não hesita em declarar:
?É um jogo extremamente igual.?
Ele contextualiza sua percepção, ressaltando que o Flamengo, apesar de seu poderio, não tem desfrutado de uma sequência de resultados consistentemente positiva, vindo, inclusive, de uma eliminação recente. O Internacional , por sua vez, que atravessava um período de instabilidade, conseguiu uma recuperação notável, angariando vitórias apertadas que impulsionaram sua posição na tabela. Essa inversão de momentos, para Abel, anula qualquer superioridade prévia.
A franqueza do treinador se estende à avaliação geral do desempenho atual de ambas as equipes, divergindo da euforia que por vezes cerca grandes confrontos. Ele conclui, com a sobriedade de quem conhece os bastidores do esporte:
?Mas a grande verdade é que nem um nem o outro atravessa um grande momento.?
O Olhar Crítico de Um Veterano do Futebol
Apesar da saudade evidente do cotidiano de um clube, um sentimento que o leva a assistir incansavelmente a jogos de todas as divisões, Abel Braga não esconde sua desilusão com o futebol contemporâneo. Sua análise transcende o campo, adentrando a complexidade das relações e da conduta dentro do esporte. O veterano expressa um desconforto palpável com o cenário atual:
?Não ando feliz. Tá feio.?
A arbitragem, em particular, é alvo de suas ponderações. A constante insatisfação, tanto de quem comete a infração quanto de quem a sofre, somada à intervenção do VAR, que por vezes exige uma intervenção quase policial para conter os ânimos, contribui para um ambiente de tensão. Abel lamenta a falta de "educação futebolística" e o respeito, tanto entre os envolvidos no jogo quanto para com o público. Essa percepção o deixa, como ele mesmo admite, "um pouco decepcionado".
Mesmo com a presença de jovens talentos, muitos atuando no exterior, o treinador enfatiza a necessidade de uma transformação cultural no esporte. Sua vivência de 57 anos no futebol concede a ele uma perspectiva única para observar as nuances e as transformações que o jogo tem sofrido, gerando uma reflexão profunda sobre os rumos da modalidade.
A Emoção Intensa da Libertadores
A Conmebol Libertadores possui uma aura distinta, que a diferencia de outras competições, e Abel Braga compreende essa essência como poucos. Para ele, a atmosfera do torneio é intrinsecamente ligada às rivalidades históricas e geográficas do continente sul-americano. A competição não é apenas sobre futebol; é sobre orgulho nacional e regional.
?Primeiro, pelo próprio continente. Geograficamente falando, você tem na América do Sul uma grande rivalidade com o Brasil. Principalmente argentino e uruguaio. Paraguai já teve um pouco, mas hoje nem tanto. Mas existe entre Chile, Uruguai e Argentina. Então, isso tudo mexe.?
Essa rivalidade, segundo Abel, transcende as fronteiras e as cores dos clubes, intensificando-se quando uma equipe brasileira entra em campo. A disputa, que se torna "pegada", reflete o desejo de supremacia continental. O fato de o título ter gravitado recentemente para o Rio de Janeiro apenas adiciona mais uma camada de complexidade e expectativa a cada novo confronto entre brasileiros na competição.
Recordações de Uma Conquista Histórica
A memória da Libertadores de 2006, sob seu comando, permanece vívida para Abel Braga e para a torcida colorada. Aquele título não foi apenas uma vitória; foi a redenção de uma antiga frustração, a superação da dolorosa eliminação para o Olimpia em 1989. Para o Inter, a conquista de 2006 representou um divisor de águas, silenciando uma lacuna histórica.
?(Os colorados) Tinham anteriormente uma recordação frustrante, com aquela derrota para o Olimpia (semifinal de 1989). Então, isso apagou. Apagou não, tirou muito o peso. Me deu uma satisfação muito grande. Já falei isso várias vezes.?
Abel recorda a provocação comum nas rodas de conversa, onde a ausência de um título de Libertadores era um ponto de vulnerabilidade para os colorados diante dos gremistas. O ex-presidente Fernando Carvalho teve um papel crucial em convencê-lo a assumir o desafio, especialmente após o próprio Abel ter vivenciado dois vice-campeonatos da Copa do Brasil em anos anteriores. Aquele título foi o coroamento de um trabalho árduo e a concretização de um sonho compartilhado.
Projeção Tática e o Papel de Alan Patrick
Ao projetar o embate entre Flamengo e Internacional , Abel Braga vislumbra um jogo de alta intensidade, caracterizado pela combatividade. Ele não antecipa grandes surpresas táticas, prevendo que ambas as equipes manterão suas características fundamentais. O Flamengo, em sua análise, deve manter sua tradicional "marcação alta", enquanto o Internacional buscará surpreender com sua "rodada de bola de um lado e do outro", especialmente utilizando a velocidade de Wesley.
?Tomara que seja um jogo legal. Tanto o Flamengo como o Inter têm equipes para proporcionar um espetáculo convincente. Vai ser aguerrido, pegado. Não acredito que vá ter mudança.?
Um destaque especial é dado a Alan Patrick, com quem Abel trabalhou no Inter em 2014. Naquela época, o meio-campista não desfrutava da mesma popularidade que possui hoje junto à torcida. Abel relembrou a confiança que depositava no jogador, instruindo seus volantes a sempre buscarem Alan Patrick com a bola. A transformação do atleta, de um jogador oscilante para um "fenomenal", é motivo de admiração para o ex-treinador, que o considera um "cara diferente". A expectativa é que Alan Patrick seja uma peça chave para o Internacional neste confronto decisivo no Maracanã.
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